O temor que sindicatos de professores vinham alertando ao longo da pandemia se concretizou em uma escola particular de Campinas (SP) que, após retomar as aulas presenciais em 25 de setembro, registrou nesta semana um surto de Covid-19 e teve que suspender as atividades no local.
Trata-se da escola Jaime Kratz. As aulas foram suspensas na última segunda-feira (1) e, em comunicado enviado aos pais de alunos, segundo o canal EPTV, a direção da instituição informou que 34 funcionários testaram positivos para a doença, enquanto 1 aluno foi infectado e outros seis apresentaram sintomas da doença.
Diante do surto, a escola decidiu suspender as atividades presenciais até, pelo menos, 18 de fevereiro e, até lá, as aulas serão remotas.
"A unidade escolar informou o Simed - sistema de informações do Estado - sobre a ocorrência e enviou uma planilha com os dados epidemiológicos de todos os docentes infectados à Vigilância Sanitária de Campinas. A Delegacia de Ensino do Estado também foi comunicada", diz nota da instituição, que garante ainda que "todas as medidas de segurança sanitária foram e continuam sendo adotadas pela escola com o intuito de preservar a saúde de alunos e colaboradores".
Uma outra escola da cidade, o Colégio Farroupilha, também suspendeu as aulas presenciais até 14 de fevereiro por conta de dois infectados: uma professora e uma aluna.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) acompanha o caso das duas escolas e solicitou que ambas enviem em até 10 dias detalhes sobre os registros de infectados e protocolos de segurança adotados. O Departamento de Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas também apura os surtos.
Sindicato quer barrar retorno presencial das aulas
O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, suspendeu na última sexta-feira (29) uma liminar que proibia o retorno das aulas presenciais em áreas que se encontram nas fases vermelha ou laranja do Plano São Paulo, de combate à Covid-19. Essas são as fases mais restritivas do plano. Atualmente, todas as regiões do estado estão enquadradas em uma das duas. A decisão foi dada em recurso impetrado pelo governo do estado, chefiado por João Doria (PSDB).
A liminar tinha sido obtida em ação impetrada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e outras entidades. Ela valia tanto para escolas públicas quanto para particulares.
Em nota, a Apeoesp diz que vai recorrer da decisão do presidente do TJ-SP. Para a entidade, ela não atacou pontos importantes levantados em seu pedido, “notadamente a precariedade da infraestrutura das escolas públicas estaduais e o risco de contágio de profissionais da Educação e estudantes”. A Apeoesp destacou que os dois pontos tinham sido amparados por dados técnicos, produzidos pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e por autoridade médica renomada. E enfatizou que nenhum deles foi questionado pelo governo do Estado em seu recurso.
No comunicado, a Apeoesp também sinaliza com a deflagração de uma greve a partir do dia 8 de fevereiro. “Não haverá volta às aulas sem segurança aos profissionais da Educação. Pelo direito à vida e pela prioridade dos professores na vacinação”, escreveu o sindicato.