Dois médicos que atuam no município de Cantagalo, no Paraná, foram considerados, pela Justiça do estado, réus por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ambos são acusados de negligenciar atendimento a um idoso com suspeita de Covid-19.
João Batista Lima Coutinho, de 66 anos, procurou atendimento em uma unidade Básica de Saúde (UBS) por três vezes, entre os dias 24 e 25 de junho de 2020. Ele apresentava sintomas característicos da doença: febre, tosse, falta de ar e dores de cabeça.
De acordo com o Ministério Público (MP), o médico Elzio Teixeira Machado, de 69 anos, agiu “de forma negligente, por omissão, deixando de observar o dever objetivo de cuidado”. Na avaliação do MP, ele não seguiu os protocolos para diagnosticar casos suspeitos da doença.
“(Elzio) desconsiderou a necessidade de imediato encaminhamento ao Instituto São José, descartou a hipótese diagnóstica de Covid-19 sem a realização de exame, ministrando soro sem acompanhamento do paciente, mesmo com o episódio de tosse, dores no corpo, dificuldade respiratória, febre e histórico de visita na unidade”, destaca a ação.
O paciente acabou internado quando apresentou piora. Ele foi levado ao Instituto São José, mas o outro médico que virou réu, Piero Victor Deki Serur, de 27 anos, também teria agido de maneira negligente, segundo o MP.
“Ao não verificar a gravidade do seu quadro de saúde ou seus exames, ressalta-se mais uma vez que o denunciado [Piero Serur] manteve o mesmo erro cometido por Elzio ao refutar qualquer hipótese de diagnóstico e tratamento de Covid-19, mantendo o tratamento para pneumonia, contribuindo para a morte da vítima”, ressalta outro trecho da ação.
Alegação
Piero justifica sua conduta médica no caso, dizendo que não considerou a possibilidade de suspeita do Covid-19 porque na cidade onde ocorreu o caso, Laranjeiras do Sul, não havia registros confirmados da doença.
De acordo com o site da prefeitura de Cantagalo, Elzio Teixeira foi o primeiro a ser vacinado contra a Covid na cidade.
Om informações do IG