Sem leito de UTI nem vacina, pessoas com síndrome de Down morrem de Covid no AM

Presidente de associação defende prioridade em imunização contra a doença para pessoas com deficiência

O enfermeiro Raimundo Matos abraça Émerson Júnior, que tinha síndrome de Down (Foto Mirene Borges da Silva)
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Sem prioridade na vacinação contra a Covid-19 e enfrentando falta de leitos para atendimento, pessoas com síndrome de Down estão morrendo de Covid-19 no Amazonas.

O alerta foi dado por Omar Maia dos Santos, presidente da Associação de Pais e Amigos do Down no Amazonas (Apadam)em entrevista ao Estadão. Segundo ele, entre dezembro de 2020 e esta terça-feira (16), seis pessoas com síndrome de Down morreram em consequência de Covid-19 no estado.

O caso que ficou mais famoso foi o de Émerson Júnior, de 30 anos, que foi abraçado pelo enfermeiro Raimundo Nogueira Matos enquanto ele colocava um respirador no paciente. A foto, feita no Hospital de Campanha de Caapiranga, viralizou no país. Émerson chegou a ter um leito de UTI liberado por via judicial, mas era tarde: ele já tinha morrido.

“De dezembro até agora, foram seis mortes. Dois tinham ordem judicial para internações em UTI e morreram por falta de socorro”, disse Omar Santos. E duas delas já tinham ordem judicial para obter um leito de UTI, mas mesmo assim ficaram sem o socorro, diz ele.

A Apadam lidera uma campanha para que pessoas com síndrome de Down ou qualquer deficiência tenham prioridade na vacinação contra a Covid-19. Santos diz que, além de possuírem comorbidades, essas pessoas têm baixa imunidade.

Nos últimos dias, Santos tem dado várias entrevistas a emissoras de TV locais para defender a priorização de vacina a essas pessoas. A associação tem publicado em seu perfil no Instagram peças com a campanha.