A variante P.1 do novo coronavírus, que foi identificada pela primeira vez no Amazonas, já foi encontrada em ao menos nove estados no país, incluindo o estado da região Norte.
Além do Amazonas, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também a detectaram em mais cinco estados: Pará, Paraíba, Roraima, Santa Catarina e São Paulo, de acordo com nota divulgada nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). As secretarias estaduais de Saúde de Bahia, Ceará e Pernambuco também já confirmaram casos de Covid-19 provocados pela variante P.1.
Essa cepa tem maior potencial de transmissão do que outras identificadas. Ainda não há dados que a relacionem a quadros mais graves da doença.
No texto divulgado pelo IOC, a pesquisadora Paola Cristina Resende ressalta: “é importante lembrar que as linhagens P.1 e P.2 já foram associadas a casos de reinfecção no país”. A P.2 tem demonstrado crescimento no Rio de Janeiro.
Por esse motivo, segue a pesquisadora, “é fundamental a continuidade das medidas de prevenção, como a utilização de máscara de proteção, a higienização frequente das mãos e evitar aglomerações”.
A linhagem P.1 é derivada de uma das variantes que predominava no país, a B.1.1.28. Ela é responsável atualmente por mais de 91% das infecções no Amazonas. Segundo o IOC, estudos indicam que a variante P.1 contém pelo menos três mutações, que afetam a proteína Spike, associada à entrada do vírus nas células humanas. A proteína spike é o que dá a forma de coroa ao Sars-Cov-2. Daí o nome coronavírus para esse tipo de vírus.
Mutações
Mais de 60 linhagens do novo coronavírus foram encontradas no país, em um trabalho liderado pela Rede Genômica Fiocruz. A predominância é para as variantes B.1.1.33 e B.1.1.28, que circulam no Brasil desde março do ano passado.
A mutação de vírus é um fenômeno comum. A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, explica que a identificação da circulação de linhagens não tem ligação direta com gravidade da doença, aumento da transmissibilidade do patógeno ou impacto na eficácia das vacinas.
“No caso dos vírus, por exemplo, a maioria das mutações não causa mudanças na capacidade de dispersão ou infecção”, explicou ela na nota. “O Sars-CoV-2 muda mais rapidamente que outros microrganismos, como bactérias e fungos. Na maior parte dos casos, as linhagens são distintas por pequenas diferenças em seu material genético, que podem não ser associadas a novas características virais”, afirma.