Com 98% dos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e em região rebaixada para a fase vermelha do plano de contenção do coronavírus em São Paulo, a prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriotas), está driblando o governo do estado, comandado por João Doria (PSDB), e anunciou a permissão para abertura de atividades essenciais, além de ignorar o decreto que prevê o lockdown nos próximos dois finais de semana.
Na noite deste domingo (24), Rosim divulgou o decreto com as regras na cidade, permitindo a abertura de atividades não essenciais, "como shoppings, comércio de rua, salões de beleza, entre outros, o funcionamento será limitado a dez horas diárias, de segunda-feira a sábado, com encerramento das atividades até às 20h". Na prática, as regras correspondem ao permitido na fase laranja do plano, que é menos restritiva.
“A prefeitura quer preservar a vida de todos e também manter de forma responsável as atividades econômicas e os empregos. A população deve estar consciente do momento que vivemos. Além disso, estamos ampliando a fiscalização, e seguimos lutando por mais leitos hospitalares públicos para o nosso município”, diz a prefeita, em comunicado.
Segundo informações divulgadas três horas pela própria prefeitura, 137 dos 140 leitos de UTI disponíveis na região estão ocupados com pacientes com Covid-19. Na cidade, apenas um dos 50 leitos disponíveis estava vago às 16h deste domingo. No total, 338 pessoas morreram na região vítimas do coronavírus. O número de casos já ultrapassa os 24 mil.
Postura negligente
A vereadora Estela Almagro (PT) afirmou à Fórum que pretende acionar o Ministério Pública contra a "postura negligente e reiterada da prefeita Suéllen Rosim referente à pandemia na cidade".
"Em pouco mais de 20 dias ela fechou parques, mas abriu escolas. Determina a abertura das escolas para o próximo dia 22, o que nos levou a uma medida judicial, esperando que o judiciário possa intervir quando acabam as possibilidades de diálogo entre o executivo e segmentos organizados da sociedade, como veredores que fizeram apelos a ela", disse.
A vereadora já havia movido uma ação após a prefeita determinar o retorno às aulas presenciais na rede municipal de ensino. Na última sexta-feira (22), a Justiça Federal deu prazo de 48 horas para Suéllen explicar a medida.
"É necessário que a gente, no mínimo, provoque o Ministério Público, para que possa impor medidas, junto ao judiciário, para que alguém contenha essa postura extremamente individualista e conveniente que a prefeita vem adotando em relação aos destinos da cidade quanto à saúde pública. É um cenário extremamente preocupante para a sociedade, diz Estela.
Segundo ela, a decretação do retorno da cidade à fase vermelha foi apenas "constatação" diante do aumento das taxas de transmissão na cidade.
"Os números crescem de forma assustadora na cidade, há um colapso na rede de saúde e temos perdido pessoas diariamente, além do nível de transmissibilidade da doença estar altíssimo na cidade. E a chegada oficial da fase vermelha foi recebida por ela como uma aquarela, onde se pode pintar e decidir aleatoriamente para atender interesses".