O Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro discute distribuir gratuitamente um “kit covid-19” no programa Farmácia Popular. O objetivo é que infectados com coronavírus possam retirar de graça sulfato de
hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina em estabelecimento conveniados, que serão reembolsados pela pasta. Descritos como uma cura milagrosa pelo presidente e seus aliados, os medicamentos não têm eficácia no tratamento da covid-19 comprovada por testes científicos.
O ministério faz estudos sobre a “viabilidade” da inclusão dos produtos no Farmácia Popular desde julho. A pasta reconheceu que avalia incluir o tratamento no Farmácia Popular e afirmou, em nota ao Estadão publicada nesta quarta-feira (16), que “a portaria está em estudo”. “Tanto em relação ao valor de financiamento da dotação extraorçamentária, quanto ao acordo tripartite com Conass (Conselho Nacional de Secretário de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde).”
O programa Farmácia Popular distribui gratuitamente ou com desconto de 90% medicamentos para controle de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Se aprovada a inclusão, será preciso prescrição médica para retirar o "kit covid".
O agora ministro efetivo da Saúde, general Eduardo Pazuello, sempre defendeu o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, alinhado com o presidente. Após dois ministros deixarem a pasta, os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, por serem contra a utilização alargada dos medicamentos, Pazuello aprovou a mudança orientação no ministério, recomendando o uso desde os primeiros sintomas da doença.
A caixa com dez comprimidos de sulfato de hidroxicloroquina 400 mg, medicamento indicado na bula para artrite reumatoide, lúpus e malária, custa hoje R$ 25. O antibiótico azitromicina 500 mg é vendido a R$ 35, com dez comprimidos. Caixas com dois comprimidos do vermífugo ivermectina 6 mg custam R$ 15.