Garis com Covid-19 são pressionados a não apresentar atestados sob risco de demissão

Supervisores e fiscais foram às ruas para ameaçar os trabalhadores pessoalmente. "Muitos garis estão adoecendo também por outros motivos e exaustão", conta uma funcionária

Jair Bolsonaro em conversa com funcionários da limpeza urbana (Reprodução)
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Garis do Distrito Federal estão sofrendo ameaças de supervisores e fiscais para não apresentar atestado médico em caso de contaminação por coronavírus, sob risco de demissão. A informação é do Metrópoles.

De acordo com os relatos, chefes dos Distritos de Limpeza (DL) de Samambaia, Taguatinga, Ceilândia, Brazilândia e Gama abordaram os profissionais nas ruas para orientar que eles não entrassem de licença médica por nenhum motivo de doença.

“Devido à Covid-19, muitos garis estão adoecendo também por outros motivos e exaustão. Problemas físicos, esforço repetitivo, dor na coluna, entre outros. Eles alegam que há déficit de profissionais, pois há gente afastada com o coronavírus. A empresa vai aos locais de trabalho e pressiona os garis para não pegar atestado”, relatou um dos trabalhadores.

“Eu peguei Covid-19 e já estou bem. Os chefes diretos também orientam que não podemos dar atestados. Como somos a maioria, mulheres, o desgaste físico é enorme. A gente tem medo de comentar o que sente para não nos tirarem do nosso local de trabalho”, disse outra trabalhadora.

Os garis também contam que, há cerca de duas semanas, foram convocados para uma reunião no Distrito de Limpeza de Samambaia. Lá, os supervisores voltaram a ameaçar aqueles que se ausentarem, mesmo se o motivo não for coronavírus. "Um senhor travou a coluna e tava com atestado de cinco dias. Com dois dias, ele voltou para o quadro por medo de perder o emprego”, disse outra mulher.

O Distrito Federal registrou 2.257 óbitos por Covid-19 e 147.127 casos confirmados, segundo o último boletim do Ministério da Saúde.