Com os bares e discotecas fechados há cerca de cinco meses em toda a Alemanha, jovens de algumas das principais cidades do país, como Berlim e Hamburgo, passaram a organizar festas secretas para evadir as medidas de isolamento e procurar diversão ao estilo pré-pandemia.
Segundo reportagem da agência alemã Deutsche Welle, as festas são organizadas através de grupos de Telegram, e chegam a provocar aglomerações de até 3 mil pessoas. A divulgação é feita apenas um dia antes, para evitar que a corrente se espalhe muito e chegue logo a um contato da polícia. As raves também costumam ser realizadas em parques, florestas ou edifícios abandonados.
A prioridade é escolher locais de difícil acesso, para impedir que as autoridades policiais possam interromper os eventos – o que nem sempre é possível, e muitas delas terminaram com a polícia acabando com a alegria dos jovens.
No entanto, a ação policial nesses casos não costuma ser violenta. Um oficial entrevistado pela reportagem da Deutsche Welle afirmou que raramente algum envolvido é preso, e apenas se atua para obrigar os presentes a voltarem a suas casas. “Entendemos que as festas fazem parte da vida, por isso, nossa abordagem busca ser cooperativa. Tentamos explicar aos participantes que eles representam um risco”, comentou.
O infectologista alemão Jonas Schmidt-Chanasit, diretor do Instituto Bernhard Nocht, em Hamburgo, diz que aglomerações como essas, mesmo reunindo um público reduzido, produzem um aumento do risco de infecção.
“Sabemos que o vírus se espalha através de gotículas. Quando se canta, aplaude, grita, essas gotículas são expelidas particularmente forte e longe. Outras pessoas podem inalá-las e se infectar. Isso desencadeia o fenômeno que conhecemos como ‘super disseminação’”, analisou o especialista
Para os jovens que frequentam as festas, não se trata de uma postura desafiante com respeito às medidas de isolamento – que vêm se tornando mais rígidas com a iminência da segunda onda da pandemia na Europa –, mas sim de uma simples busca por diversão. “Só queremos dançar. É só uma festa. Não representamos ameaça, só estamos cansados da pandemia”, diz à reportagem um dos frequentadores, não identificado.