Seu nome é Milko Mieles, é cidadão equatoriano mas mora em Linate, no norte da Itália (nas proximidades de Milão) há mais de duas décadas. Em meados de abril, este artesão de 49 anos foi diagnosticado com coronavírus, mas seu caso parecia pouco preocupante, já que era assintomático. No entanto, teve que se manter em quarentena, segundo o protocolo de saúde estabelecido no país onde reside.
Com o passar das semanas, Mieles se manteve sem desenvolver sintomas de covid-19, o que continuava parecendo uma boa notícia. O problema é que, a partir do começo de maio, após mais de 14 dias do primeiro diagnóstico, sua angústia passou a crescer paulatinamente, a medida em que fazia um novo teste atrás do outro, todos com o mesmo resultado: positivo.
Em pouco mais de 3 meses, Mieles já realizou 15 exames de coronavírus, todos com o mesmo resultado. Também já fez testes para saber se desenvolveu anticorpos, e esses sim deram resultado negativo.
A situação levou Mieles a um quadro de depressão. Embora o vírus não tenha causado maiores efeitos à sua saúde até o momento, o equatoriano afirma que a situação tem sido devastadora emocionalmente. Ele não vê a família desde o final de abril, quando iniciou sua quarentena em um centro de saúde administrado pela Cruz Vermelha. Disse que até se afastou das redes sociais porque não suportava mais ter que responder as perguntas sobre se já estava curado.
“Estou desmoralizado! O tempo passa devagar aqui. De manhã fico dando voltas pelo jardim, sempre sozinho. Leio notícias no telefone, ligo para minha esposa, que não vejo há três meses. Sinto muita falta dela, e dos meus filhos também”, disse o paciente, em entrevista para a imprensa italiana.
A situação de Mieles tem sido vista pelos médicos como uma incógnita. Em geral, pacientes assintomáticos não demoram para se livrar do coronavírus, e embora essa regra tenha muitas exceções, são raríssimos os casos que duram mais de um mês.