Ganhou repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (17) uma foto de uma caixa de presente da Unimed entregue aos médicos da cooperativa de saúde em Brusque (SC) com medicamentos, incluindo a hidroxicloroquina - para o tratamento "preventivo" contra o novo coronavírus. Nas redes, a atitude foi criticada pela falta de comprovação científica.
"É isso minha gente, presente da Unimed na caixa do boticário. Apocalipse", escreveu a médica Júlia Recuero ao publicar a foto de um desses kits que foi entregue a um colega.
Entre os medicamentos presentes na lista do "tratamento preventivo" está a hidroxicloroquina.
Em nota publicada no Twitter, a Unimed informou que "orienta suas cooperativas a seguirem as diretrizes previstas pelas associações e sociedades de especialidades médicas brasileiras, além dos protocolos aprovados pela OMS" e que "a Unimed Brusque usou de sua autonomia para oportunizar a profilaxia a profissionais que atuam na linha de frente".
Segundo a empresa, "a utilização não era compulsória e o kit foi entregue a profissionais da linha de frente com orientações e também foram realizados exames para excluir doenças que possam ser agravadas pelo uso da profilaxia".
O médico Pedro Diniz, integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares e participante do podcast Medicina em Debate, criticou a entrega dos kits de profilaxia. "A Unimed deveria ser responsabilizada criminalmente por isso. Distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada. NENHUMA EVIDÊNCIA DE BENÉFICIO", tuitou.
O pesquisador Cláudio Maierovitch, coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância da Fiocruz de Brasília, criticou a determinação do Ministério da Saúde quanto ao uso precoce da cloroquina.
"A Fiocruz orienta profissionais, ela afirma que não há base científica para a cloroquina, pelo contrário, há evidências de que não deve ser utilizada. Mas, se recebe comunicado do Ministério da Saúde, não pode deixar de informar seus profissionais”, disse o pesquisador em entrevista à GloboNews.