O profissionais de enfermagem, mulheres e homens, que estão todos os dias na linha de frente do combate ao coronavírus nos hospitais brasileiros estão morrendo a uma taxa alarmante, uma das maiores do mundo.
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), foram identificadas 73 mortes de profissionais pela covid-19 no país, até esta quarta-feira (6). As vítimas são jovens. A maior parte (41) tinha menos de 60 anos, sendo uma delas de apenas 29 anos.
Para efeito de comparação, os Estados Unidos, país com maior número vítimas da pandemia, com um total de 71 mil vítimas fatais até o momento, perdeu 46 profissionais de enfermagem. A Itália, segunda nação mais afetada, com 29 mil óbitos, perdeu 35 profissionais. A Espanha, que vem logo atrás, com mais de 25 mil mortos, teve apenas quatro óbitos entre profissionais da área. Os dados são dos conselhos profissionais ou equivalentes locais. Os dois países europeus tiveram o início da crise antes que o Brasil e já passaram do pico de casos.
A cidade de São Paulo, com mais casos no país, lidera o ranking com 18 mortos, seguida por Rio de Janeiro, com 14 profissionais vítimas fatais de coronavírus. O Cofen laçou uma plataforma para monitorar as mortes na enfermagem em todo o Brasil, com o auxílio dos Conselhos Regionais. Além destas vítimas, outros 16 óbitos envolvendo trabalhadores da área ainda estão sob análise, aguardando resultado de testes.
Os dados da China, apesar da terem a confiabilidade contestada, indicam 23 mortes de enfermeiros até o final de abril.
“Um dos fatores [para a alta mortalidade] é que boa parte dos serviços de Saúde não afastou profissionais com idade avançada, acima de 60 anos, e com comorbidades. Eles continuam atuando na linha de frente da pandemia quando deveriam estar em serviços de retaguarda ou afastados”, disse Manoel Neri, presidente do Cofen, ao jornal El País.
Outro problema enfrentado pelos profissionais da enfermagem é a falta de equipamentos de proteção individual, os EPIs. “Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação [retirada da máscara, luvas e avental]”, disse Neri.
Com informações do jornal El País