Escrito en
CORONAVÍRUS
el
Uma pesquisa realizada pelo Cursinho Popular Mafalda, da Zona Leste de São Paulo (SP), evidenciou as dificuldades trazidas pelo ensino à distância para estudantes de baixa renda no período da pandemia. Segundo a instituição, 67% dos alunos do cursinho sentem que aprendem menos com o ensino online, em comparação ao presencial.
O Curso Mafalda é um curso de pré-vestibular da ONG Meraki, fundado em 2011, e atua hoje na Zona Leste de São Paulo, com cerca de 300 estudantes de baixa renda. O Grupo de Trabalho sobre os efeitos do Isolamento Social no Curso Mafalda (GTIS), criado em abril de 2020, realizou uma pesquisa com os alunos da instituição para entender a relação dos alunos com o material de Ensino à Distância (EAD) disponibilizado pelo curso e a realidade da pandemia.
A pesquisa foi dividida em três partes, abordando a relação dos estudantes com o ensino a distância, a situação socioeconômica em meio à pandemia e as percepções dos estudantes acerca de seu bem-estar emocional e saúde mental.
Segundo a pesquisa, apenas 18% dos alunos do curso já tinham experiência anterior com cursos ministrados pela internet ou televisão, e 67% dos estudantes considera que o aprendizado é prejudicado pela distância, apesar de avaliarem bem o material fornecido pelo Curso Mafalda.
As maiores dificuldades dos alunos para acompanhar o curso estão ligadas à manutenção de uma rotina e um espaço propício aos estudos em casa: 74% afirmaram que têm problemas com organização, e 51% disseram ter dificultar para achar espaço e tempo para estudar.
Além disso, o distanciamento e a dependência da tecnologia também foram avaliados como pontos negativos pelos estudantes. 96% consideram a distância entre estudantes e professores um problema, e 75% disseram que depender da tecnologia ruim para realizar as atividades. Diante dessa situação, 83% dos alunos defenderam o adiamento do ENEM em 2020.
Sobre a situação socioeconômica em meio à pandemia, 74% dos estudantes afirmaram que a renda familiar sofreu alterações, maiores ou menores, nesse período. O bem-estar emocional também foi observado como uma questão nesse momento: somente 14% dos estudantes disseram estar estáveis emocionalmente. Apesar disso, apenas 4% estão em acompanhamento de saúde mental.
O estudo realizado pelo Curso Mafalda com seus alunos evidencia a realidade dos estudantes de baixa renda no período da pandemia e as dificuldades trazidas pelo Ensino à Distância. Diante dessa situação, o curso afirmou que tomará medidas para otimizar o aprendizado dos estudantes nesse momento, como a criação de uma campanha de arrecadação de equipamentos, o investimento no Plantão de Saúde Mental do NAP (Núcleo de Apoio Psicológico) e a disponibilização de orientações sobre organização de estudos.