Antes mesmo do presidente Jair Bolsonaro forçar a mudança do protocolo do Ministério da Saúde e ampliar o uso da cloroquina também para casos leves de coronavírus nesta quarta-feira (20), bolsonaristas já vinham se automedicando com hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina diante dos primeiros sintomas respiratórios.
Os medicamentos são receitados por um grupo que se autodenomina "médicos do bem" e, comprados em grandes quantidades, são distribuídos aos apoiadores do presidente, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
A publicação entrevistou integrantes de um acampamento bolsonaristas na porta da Assembleia Legistativa de São Paulo que, sem ir ao hospital ou realizar qualquer teste para confirmar a suspeita, passaram a utilizar os medicamentos. Eles receberam "um mix das três substâncias" de colegas do acampamento.
O grupo defende o impeachment do governador João Doria e o fim das medidas de isolamento, recomendas por autoridades de saúde de todo o mundo para conter a propagação do coronavírus.
O próprio texto do Ministério da Saúde, porém, reconhece que não há evidências suficientes de eficácia e prevê um termo de consentimento do paciente, que cita risco de agravamento da condição clínica. Diversos estudos têm mostrado que os medicamentos não só não têm efeito contra a Covid-19 como podem aumentar o risco cardíaco. Na última terça-feira (19), o deputado estadual bolsonarista Gil Vianna (PSL-RJ) morreu de coronavírus e ele fazia uso de cloroquina no tratamento.
Já a ivermectina é um antiparasitário, usado contra vermes e parasitas, como piolhos, pulgas, sarna e filariose em humanos e em animais. Um estudo australiano mostrou que a substância diminui o material viral do coronavírus em testes com células cultivadas em laboratório. No entanto, ainda não se sabe se o efeito seria o mesmo em animais vivos.