Secretário de São José dos Campos quer aumentar infectados para criar anticorpos na população

"A ideia é ter infecção, ter casos positivos em um número adequado para que o sistema de saúde consiga tratar a grande maioria dos pacientes, a totalidade dos pacientes. Isso é o achatamento da curva", explicou

Foto: Reprodução Bom Dia Vanguarda
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O secretário municipal de Saúde de São José dos Campos (SP), Danilo Stanzani, afirmou em entrevista ao Bom Dia Vanguarda, da TV Vanguarda, retransmissora da Rede Globo no Vale do Paraíba e Região, que é preciso aumentar a porcentagem de pessoas infectadas pelo vírus para que a população crie anticorpos.

Para isso, ele defende isolamento seletivo e ressaltou que os idosos, principais afetados pela Covid-19, devem permanecer isolados. São José dos Campos é administrada pelo prefeito tucano Felício Ramuth (PSDB). A medida, além de questionada na Justiça, vai contra a quarentena imposta pelo governo estadual, cujo chefe do executivo é seu correligionário, o governador João Doria.

"Os jovens têm que circular, lógico que com toda moderação, sem aglomeração, para que eles tenham contato com o vírus, desenvolvam anticorpo, mas mantendo o idoso isolado. O jovem tem estrutura para resistir as consequências da Covid, mas o idoso não tem. A gente tem que manter o idoso isolado, com todo cuidado, os familiares, toda estrutura para proteger o idoso, mas a gente tem que aumentar a porcentagem das pessoas infectadas pelo vírus", afirmou o secretário.

Até a manhã desta terça-feira (21), São José dos Campos havia registrado 144 casos de Covid-19, com quatro mortes.

Uma das justificativas do secretário é que, atualmente, menos de 20% dos leitos do sistema de saúde de São José dos Campos estão ocupados com pacientes de Covid-19.

"A ideia é ter infecção, ter casos positivos em um número adequado para que o sistema de saúde consiga tratar a grande maioria dos pacientes, a totalidade dos pacientes. Isso é o achatamento da curva", explicou.

"Se todas forem infectadas em 15 dias, nós não vamos ter assistência suficiente para a população. Mas se isso decorrer ao longo de dois, três meses, nosso sistema de saúde consegue tratar todo mundo que tiver necessidade de tratamento. [Os casos] vão continuar subindo, a gente quer que continue subindo mesmo e que fique no máximo em 80% da nossa capacidade de terapia intensiva”, completou.