Antiviral que fracassou no combate ao ebola pode ser esperança no tratamento contra covid-19

Antiviral que não funcionou no tratamento da epidemia na África mostrou bons resultados em 80% dos pacientes de covid-19 que o utilizaram, em experimento nos Estados Unidos, mas ainda é preciso mais testes para haver certezas sobre sua eficácia

Foto: divulgação
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Utilizado em um experimento da Universidade de Medicina de Chicago em tratamento de pacientes com covid-19, o antiviral remdesivir mostrou excelentes resultados em menos de uma semana, o que o faz ser uma importante esperança para ajudar a salvar vidas e, quem sabe, conter o efeitos da pandemia do coronavírus.

O remdesivir foi desenvolvido pela empresa de biotecnologia estadunidense Gilead, e inicialmente foi considerado um fracasso, já que foi pensado para enfrentar a epidemia do ebolavírus na África, entre 2013 e 2016. Recentemente, diferentes laboratórios vêm estudando sua eficácia no combate à infecção pelo novo coronavírus, sempre mostrando bons resultados.

O último centro a publicar seus resultados foi a Universidade de Medicina de Chicago, provou o medicamento em 125 pacientes infectados pelo covid-19 – dos quais, 113 não eram casos considerados graves.

Segundo o informe de conclusão do experimento, a grande maioria dos que utilizaram o tiveram uma rápida diminuição da febre e dos sintomas respiratórios. Essa maioria de casos também apresentou a eliminação total do vírus em um máximo de 7 dias.

“A melhor notícia é que a maioria dos nossos pacientes já recebeu alta, cerca de 80% dos casos, e isso é ótimo”, relata a doutora Kathleen Mullane, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Chicago que supervisionou o estudo. No entanto, ela também informa que dois pacientes faleceram, entre os 12 casos graves que foram estudados.

Dias atrás, o presidente estadunidense Donald Trump chegou a se referir ao remdesivir como uma possível cura ao covid-19. “Parece estar tendo um resultado muito bom”, comentou o mandatário.

No entanto, a doutora Mullane disse considerar prudente esperar um estudo que está sendo realizado pelo próprio laboratório Gilead, criador do remdesivir, com 2,4 mil participantes de 152 lugares diferentes, e que, segundo ela, “trará melhores conclusões a respeito da eficácia do medicamento no tratamento da covid-19, se é possível usá-lo em qualquer tipo de caso, ou em quais casos ele não funciona, se há contraindicações ou possíveis efeitos colaterais”.

Caso os cientistas demonstrarem que o remdesivir é seguro e eficaz, pode se tornar o primeiro tratamento aprovado para curar o novo coronavírus.