Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, tem fila de 14 mil testes de coronavírus em processamento

Demanda no local é três vezes maior que a capacidade de processamento

Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
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O problema da subnotificação de casos da Covid-19 vem sendo destacado desde o início do crescimento dos números registrados. Além da pouca quantidade de testes, a dificuldade de processá-los também dificulta o registro. No Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, já são 14 mil testes na fila. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o IAL recebe cerca de 1.200 testes por dia, mas só tem capacidade para processar 400. Assim, a fila de testes realizados, mas esperando para serem processados, aumenta, assim como o tempo de espera para o recebimento do resultado. Em São Paulo, esse período já chega a durar 14 dias. No sábado (28), já eram cerca de 12 mil testes aguardando resultado no Instituto. Diante da situação, o governo do estado declarou que vai tomar medidas para otimizar o processamento dos testes. Contudo, nesta segunda-feira (30), já havia 14 mil testes na fila. Paulo Menezes, coordenador de Controle de Doenças de São Paulo, informou ao G1 que, a partir da próxima semana, a capacidade no IAL será ampliada para o processamento de 1.800 testes por dia. "Vamos contar também com o Instituto Butantan produzindo mais mil testes por dia e, em 15 dias, nós conseguiremos atingir 10.000 testes por dia no estado de São Paulo para o SUS", afirmou. Uma das medidas anunciadas pelo governo é a capacitação de outros laboratórios para realização de testes RT-PCR em tempo real para o novo coronavírus. Até a última sexta-feira (27), dois outros laboratórios estavam habilitados. Além disso, estão sendo importados 60 mil kits de testagem, dos Estados Unidos, e funcionários foram realocados para o IAL. Também deve ser instalado um novo laboratório do Instituto Butantan, com capacidade de processamento de 2 mil testes por dia, a partir de meados de abril. O governo também investe em parceria com laboratórios particulares. A dificuldade de processamento dos testes impede as autoridades de contabilizarem os casos confirmados de forma correta. O número de casos de Covid-19 pode, portanto, ser muito maior do que os registrados diariamente. Isso se deve, também, à baixa quantidade de testes disponíveis para aplicação, mas a demora no processamento dos testes é prejudicial porque reflete em um crescimento irreal da curva de casos registrados, como explicou o professor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ao G1: "Devemos ter cuidado com a interpretação desses resultados no sentido de que pode ser que haja algum efeito da própria epidemia estar mais lenta, mas também pode ser, simplesmente, o fato de termos feito menos testes".