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[caption id="attachment_77" align="alignright" width="458"] Presidente Barack Obama se reúne com membros do Congresso para discutir ataque à Síria nesta terça-feira, 3 (Foto: White House/Pete Souza)[/caption]
Não se lê outra coisa nas manchetes dos principais jornais americanos além das articulações de Obama no congresso americano para levar a cabo um ataque à Síria. O propósito seria o de comunicar ao governante Assad que os EUA não vão tolerar novamente o uso de armas químicas contra os rebeldes na guerra civil naquele país. Em um primeiro julgamento, parece sim muito nobre a intenção e o ato de Obama. Até a guerra tem sua lógica e sua ética, por mais torpe que tal raciocínio pareça. E o uso de armas químicas está fora da categoria das formas aceitáveis para se matar. Com um pouco mais de calma, contudo, o ímpeto de Obama soa bastante menos heroico.
Obama acaba de conseguir o apoio à esquerda e à direita junto aos governantes americanos. Apesar das ressalvas ao plano aparentemente simplório do presidente, John McCain, o republicano truculento que sempre barganha uma moeda a mais para o exército americano, aplaudiu de pé a empreitada. Como fez Bush em 2003 ao atacar o Iraque [1], Obama está se preparando para ir para a guerra ignorando o conselho de segurança da ONU.
Rússia e a China não apoiam tais ataques, e tendo poder de veto, barrariam as intenções americanas. David Cameron acaba de levar um não do seu parlamento. A Liga Árabe prefere um acordo diplomático, já que a maioria de seus líderes são sunitas, e não xiitas como na Síria de Assad e no Irã, do grupo terrorista Hezbollah. Ainda está para surgir, portanto, apoio internacional abrangente e mais claro diante das pretensões de Obama.[2]
É certo que o conselho da ONU não é a mais confiável das instituições como polícia internacional. Isso se vê claramente nesta situação. No entanto, seria legítimo que os EUA interviessem na Síria sem serem atacados?
Apesar do uso indiscriminado da matança com drones [3], durante seu governo, Obama havia dado alguns sinais de que os Eua não exerceriam mais o papel unilateral de polícia do mundo. Em direção oposta, é bastante provável que nesta quinta Obama erga seu cassetete para dar umas pauladas em Assad.
Importante é não perder de vista a causa que leva Obama à guerra: o uso de armas químicas por Assad.
Onde estava Obama quando Israel usou Fósforo Branco - arma química - contra a população civil palestina? [4] Onde estava Obama logo antes da semana de sua posse como presidente quando vários estadistas tentavam barrar as atrocidades que Israel cometia contra a população da Faixa de Gaza? [5] O que fez Obama para conter o massacre dos palestinos pela máquina de guerra israelense? [6]
Omissões…
"Ética não é só sobre o que fazemos, é também sobre o que não fazemos” [7]
Quais consequências terão os atos de Obama no endurecimento da política israelense nos territórios ocupados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia? [8]
O "teste de rotina" de um míssel que Israel acaba de conduzir na manhã de Terça dá mais uma vez o sinal de que Netanyahu é o casca grossa que todos sabem que é, e que vai tratar seus desafetos com a mão pesada que sempre teve. [9]
Lembro-me bem da comoção generalizada após a eleição de Obama. Pessoas se abraçavam nas ruas, outras choravam.
Nem os atos nem as omissões de Obama fazem jus à confiança de tanta gente.
Para informações relacionadas às afirmações deste texto, ver os artigos abaixo:
[1] http://normanfinkelstein.com/ 2013/sensible-advice-on-syria/
[2] http://america.aljazeera.com/ articles/2013/8/29/military- interventioninsyriaexplained. html
[3] http://www.foreignpolicy.com/ articles/2013/04/10/an_ inconvenient_truth_drones
[4] http://www.amnesty.org/en/ news-and-updates/news/israeli- armys-use-white-phosphorus- gaza-clear-undeniable-20090119
[5] http://voiceswithoutvotes.org/ 2008/12/31/gaza-attack-where- is-barack-obama/
[6] http://en.wikipedia.org/wiki/ Casualties_of_the_Gaza_War
[7] https://revistaforum.com.br/ frivoloeprofundo/tag/peter- singer/
[8] http://pjmedia.com/blog/the- impact-on-israel-of-an- american-attack-on-syria/
[9] http://www.haaretz.com/news/ diplomacy-and-defense/1.545250