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Globo e CBF mandaram tapar o nome da patrocinadora do estádio do Palmeiras no jogo do último sábado, abertura do Campeonato Brasileiro. Nada como mostrar quem manda no futebol brasileiro logo de cara. Este caso, é bom ressaltar, vai influenciar todos os clubes que venderam ou ainda tentam negociar os naming rights dos estádios.
[caption id="attachment_213" align="aligncenter" width="622"] Patrocinador do estádio do Palmeiras é tapado por exigência da Globo e da CBF. Foto: Gazeta Press[/caption]
Importante ressaltar que todo esse poder não emana de Deus, é dado pelos clubes e, por consequência, seus torcedores. Pelos torcedores? Sim. Eles deveriam pressionar os dirigentes, ajudar a segurar o rojão, e não ficar chorando nas redes sociais que a Globo fez isso ou aquilo. Chega de ficar levando cartolinas com “Filma eu, Galvão”. Esse tipo de atitude parece mais um bate que eu gosto. Aliás, esse cartaz poderia ser levado aos estádios para deixar claro a situação de subserviência do clube e do torcedor: “Globo, bate que eu gosto”. Quando as torcidas, e a população brasileira, vão debater o desmesurado poder da Globo?
A cota de TV de Corinthians e Flamengo é de R$ 120 milhões atualmente. De 2016 até 2018, será de R$ 170 milhões anuais. Para se ter uma ideia, o São Paulo, terceiro clube no ranking das cotas, recebe R$ 72 milhões e passará a receber, no triênio 2016-2018, R$ 110 milhões. Os clubes já estão discutindo uma nova divisão das cotas.
Qual o tamanho do bolo a ser dividido? Segundo Daniel Castro, do Noticias da TV, a Globo vendeu seis cotas nacionais de patrocínio para o futebol por R$ 225 milhões cada (contra R$ 185,5 milhões em 2014). No total, R$ 1,350 bilhão. Se as cotas de 2016-2018 forem vendidas pelo mesmo preço, dá um troco de R$ 325 milhões, quase o dobro do que recebem Corinthians e Flamengo.
Às vezes, fico com dó dos comentaristas de TV, rádio, impresso e digital do grupo Globo, que nada podem falar sobre polêmicas como cotas e essa da censura do patrocinador do Palmeiras. Mas logo passa quando eles se mostram os maiores defensores “da moral e dos bons costumes” sobre todos os demais temas espinhosos da sociedade brasileira. Fica parecendo que a Globo é uma ilha de boas práticas em meio a um oceano de corruptos e corruptores. Sobre o Darf não mostrado, ninguém fala...
Na final do campeonato Brasileiro do ano 2000, Vasco e São Caetano fizeram uma final tumultuada. No jogo da volta no estádio de São Januário, em dezembro, um alambrado desabou e a partida foi remarcada para janeiro de 2001. Eurico Miranda, então vice-presidente de futebol do Vasco, ficou enfurecido pela remarcação do jogo já que, segundo ele, a Globo não quis dar continuidade à partida para não atrapalhar sua programação. Além disso, o dirigente não ficou satisfeito com a cobertura da Globo sobre o episódio do desabamento do alambrado, que deixou 168 feridos.
[caption id="attachment_214" align="aligncenter" width="640"] Globo exibiu, por 90 minutos, propaganda da concorrente SBT durante final do Brasileiro de 2000[/caption]
A vingança de Eurico Miranda foi estampar uma homenagem ao SBT na camisa do Vasco. A Globo acabou fazendo, involuntariamente, uma propaganda de 90 minutos para a concorrente. Depois, como sabemos, a Globo voltou sua carga contra Eurico Miranda em diversas reportagens. Não podemos deixar de frisar a insensibilidade de Eurico Miranda no episódio, que pedia aos torcedores feridos para se levantarem para que a partida fosse reiniciada. Em todo o episódio, sejamos justos, não dá para ficar do lado de um nem de outro.
Nas finais do campeonato Paulista, e até um pouco antes, a torcida do Santos levou cartazes confrontando a Globo. Até gritos contra a Globo a torcida entoou porque a emissora estava boicotando jogos do time na TV aberta. Em Minas Gerais, a Globo obrigou, duas vezes, o Cruzeiro a jogar em intervalos menores que 48 horas para que as semifinais do campeonato Mineiro fossem transmitidas aos domingos. A torcida fez campanha contra a emissora nas redes sociais e recebeu, como troco, uma reportagem provocativa (com inclinações homofóbicas) no Esporte Espetacular. Depois, cinicamente, a Globo pediu desculpas.
[caption id="attachment_216" align="aligncenter" width="700"] Torcida do Santos protestou contra a Globo, que exibiu poucas partidas da equipe na TV aberta[/caption]
Nem o Corinthians, visto como protegido pela Globo, escapou. Em março, o time jogou, respectivamente, contra Capivariano, Portuguesa, Penapolense e Bragantino num domingo, terça, quinta e domingo. A Globo exigiu que partida contra o Capivariano fosse no domingo. A exigência parece ter sido uma vingança da Globo contra o clube, que teve partidas da Libertadores transmitidas de maneira exclusiva pela Fox Sports.
O intervalo mínimo entre as partidas deve ser de 72 horas, segundo determinação da Justiça do Trabalho, que acatou orientação da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol no final de 2014.
Todas as torcidas atingidas protestaram. Já é um começo, mas ainda é pouco. Enquanto a população brasileira em geral, não apenas as torcidas, se conformar com o poder desmedido da Globo, nada vai mudar. Até porque esse poder não se restringe ao futebol.
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Clube | Cota anual |
Flamengo | R$ 170 milhões |
Corinthians | R$ 170 milhões |
São Paulo | R$ 110 milhões |
Vasco | R$ 100 milhões |
Palmeiras | R$ 100 milhões |
Santos | R$ 80 milhões |
Cruzeiro | R$ 60 milhões |
Atlético MG | R$ 60 milhões |
Botafogo | R$ 60 milhões |
Fluminense | R$ 60 milhões |
Grêmio | R$ 60 milhões |
Internacional | R$ 60 milhões |
Outros | R$ 35 milhões |
Total | R$ 1,025 bilhão |