O trabalhador e a luta de classes

Na coluna de Daniel Valença: "é necessário que a única classe que é universal tome o poder político"

Trabalhadores se mobilizam para atos (Arquivo)
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Em 05 de maio de 1818 nascia Karl Marx. Ao lado de Friedrich Engels, ele comporia a dupla mais genial que já esteve a serviço da luta das classes trabalhadoras. Para além da militância política, constituíram, em vasta obra, uma teoria social da revolução e da classe trabalhadora.

Apontaram que as formas econômicas e políticas são históricas; isto é, aquelas relações econômicas e aquele Estado burguês que se consolidavam, corresponderiam a um determinado estágio da humanidade; transitório e não permanente e, menos ainda, não seria o mais evoluído.

Marx e Engels desvelaram também “leis gerais” do capitalismo, ou seja, tendências históricas. A lei da mais-valia, por exemplo, faz com que as relações entre a exploração da força de trabalho, a matéria prima e os meios de produção gerem uma riqueza superior (…) à inicialmente investida pelo capitalista. Como consequência, em médio prazo, a riqueza produzida provém do trabalho socialmente implementado, e não do investimento capitalista.

Disto resulta que o capitalismo obtém uma capacidade extraordinária de revolucionar suas forças produtivas e, assim, substituir trabalho vivo por trabalho morto, basta observar que cada vez mais máquinas substituem humanos.

Se a taxa de lucro advém da exploração da força de trabalho (trabalho vivo), então a tendência é a queda na taxa de lucros.
Outra tendência é que, ante a substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto, ocorram crises de sobreacumulação: é cada vez maior o volume de mercadorias, bem como cada vez menor a capacidade das mercadorias se realizarem (serem consumidas).

A lei da expansibilidade ilimitada, que advém da mais-valia, fez com que, já no século XIX, os fundadores da filosofia da práxis apontassem para a tendência do capitalismo inglês fazer do mundo sua imagem e semelhança, levando estas relações capitalistas para cada rincão do globo.

De tais leis também decorre a concentração de riquezas e oligopolização. Não à toa, seis brasileiros detém a mesma riqueza que cem milhões de brasileiros. Ainda hoje, portanto, amplas massas não conseguem ter suas necessidades básicas satisfeitas.

No entanto, a oposição entre a concentração de meios de produção e riquezas, de um lado, e, de outro, amplas massas despossuídas de forças produtivas e inseridas em relações sociais de produção cada vez mais coletivas, leva à necessidade e possibilita a sua superação.

Mas isto não decorrerá do próprio sistema; Marx e Engels apontavam a capacidade revolucionária do Capitalismo de se reerguer e, após cada crise, concentrar mais capitais. Para derrubá-lo, não bastam políticas públicas, valores humanistas ou boa vontade; (…) é necessário que a única classe que é universal – todos podem ser trabalhadores, mas nunca todos poderiam ser camadas médias ou burguesas – tome o poder político.

Por tudo isto, viva Marx, Engels, e toda a história de luta das classes trabalhadoras. E viva, antes de tudo, o socialismo, a luta por uma sociedade sem classes, explorações ou opressões.

Daniel Araújo Valença, professor na graduação e mestrado em Direito na UFERSA, Vice-Presidente do PT/RN

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum