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[caption id="attachment_165190" align="alignnone" width="700"] Foto: Wilson Dias/Agência Brasil[/caption]
A divisão da esquerda quanto à eleição da presidência da Câmara dos Deputados tomou conta do noticiário na semana passada, agora um pouco ofuscada pela prisão dos milicianos no Rio de Janeiro e a ligação destes com o filho do presidente.
O que causou mais impacto foi a decisão tomada pelo PCdoB de apoiar a reeleição de Rodrigo Maia. Um pouco antes, o PDT sinalizava para esta posição. E, depois, PT, PSOL e PSB sinalizaram que rejeitariam um acordo com o atual presidente da Câmara e, provavelmente, lançariam um candidato de oposição.
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Acredito que ninguém desconsidera a importância do cargo. E também da quase impossibilidade de outro resultado que não a reeleição de Maia, principalmente com o apoio da base do governo de Bolsonaro.
Do ponto de vista do jogo institucional, não há chances de reverter tal situação no momento. Por isso, o que se coloca nessa discussão é qual seria a melhor estratégia para o campo progressista.
O que difere na política do campo progressista é justamente a defesa dos direitos sociais, da igualdade, da melhoria das condições da classe trabalhadora, em especial dos que estão na base da pirâmide social, como negras, negros, mulheres. Por isso, importa é articular o que desse embate interessa para a luta em defesa dos direitos.
A agenda neoliberal do governo Bolsonaro, que tem como centro a retirada de direitos –, por exemplo, a reforma da Previdência, o aprofundamento da reforma trabalhista, a retirada das politicas de ação afirmativa – encontra em Rodrigo Maia um ardoroso defensor. Assim, a sua eleição como presidente será a garantia de que essa agenda de medidas terá preferência nas votações na Câmara dos Deputados. Este é um ponto pacífico.
Qual seria a alternativa então para resistir a isso? A única possibilidade é a mobilização popular. E é preciso analisar até que ponto a composição com Maia, por parte de um partido progressista, contribuirá ou não na organização de tal mobilização. Vejo essa linha de raciocínio ausente. E qual motivo? Por uma visão que secciona a ação institucional da organização popular (em alguns casos, priorizando a ação institucional por motivos vários, como os expressos no belo artigo de Rudda Ricci) ou por considerar que tal discussão não tem nenhum impacto nessa mobilização.
Para a população, o que importa – mais que afirmações pragmáticas – é saber o que vai ajudar a melhorar a sua vida. Em toda essa discussão, o que se sente falta é justamente isso: em que medida apoiar Rodrigo Maia vai auxiliar na mobilização popular para resistir a essa agenda antidireitos? Pragmaticamente, podem até haver argumentos favoráveis a apoiar Rodrigo Maia, porém o desgaste de compor com um parlamentar que abertamente vai defender a agenda neoliberal legitimará os militantes desses partidos para mobilizar a população? Não esqueçamos que em tempos de sociedade da informação, fatos como esse são memorizados e socializados constantemente via redes sociais. E as legitimidades podem sair arranhadas.
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