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[caption id="attachment_147669" align="alignnone" width="420"] Quinze dias de governo e a estupefação geral se confirma no Brasil - Foto: Arquivo Pessoal[/caption]
Nas iniciativas, nas nomeações, nos desencontros discursivos, no desmantelamento institucional dos órgãos de defesa do cidadão, no entreguismo dos direitos dos trabalhadores ao “mercado”, na extinção dos Direitos Humanos, na perseguição e extorsão programada aos movimentos sociais e sindicatos através do Gabinete de Segurança Institucional e sua subsidiária ABIN, no controle da cultura através da conta a ser paga pelas seitas neopentecostais que batizaram o novo mandatário no Rio Jordão, no embuste da moralização desaguada na não explicação do motorista Queiroz, nas notas frias em sequência do ministro chefe do Gabinete Civil, e na crendice no “mito do pensamento único”, que coloca a democracia em xeque, não respeitando pensamentos antagônicos, próprios da essência democrática, é assim; assim mesmo que vemos o Brasil mergulhar nesta teia de imbecibilidades da nova “boçalbilidade”.
Senão vejamos: a extorsão da empregabilidade num caminho único, onde os trabalhadores perdem o direito de contestar ou reclamar as condições de trabalho, em um país onde até as cartas sindicais não mais serão outorgadas por um Ministério do Trabalho, e sim por um delegado da polícia federal, indicado pelo Ministro Moro, sendo este o novo padrão de “representação” da classe trabalhadora, é sem dúvidas uma coação de uma só mão. Nota-se claramente que a extinção do MTE e a possível extinção da Justiça do Trabalho é, sim, uma forma de perseguição política aos trabalhadores, uma perseguição para apagar da memória histórica de nosso povo, as conquistas sociais de nosso país, de apagar Vargas, de apagar Jango e também de fazer o mesmo com o Nacional-desenvolvimentismo, com a distribuição de renda através do salário e não do arrocho, como a melhor solução para o desenvolvimento brasileiro. Viva o mercado! Como justificaremos, que em um país continental e democrático, como o Brasil, que questão sindical em nosso país seja caso de polícia? Esse é o Brasil de Bolsonaro.
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Na idade média, a metodologia de costumes religiosos, colocava os cidadãos à mercê do fanatismo religioso em um sectarismo que agredia os direitos de crenças divergentes, de costumes, de expressões culturais e de desenvolvimento tecnológico, que viessem a desafiar o “status quo” das elites governantes. Vivemos algo semelhante na vida política brasileira, onde pastores e líderes religiosos sectários, chutam imagens de santos, destroem terreiros de umbanda, atacam o Kardecismo, e se auto-intitulam guardiões dos costumes da família brasileira. Ora, convenhamos, “meninos vestem azul e meninas vestem rosa” é aparentemente um comentário inocente, mas intrinsecamente totalitário, mais ainda partindo da boca de uma ministra de Direitos Humanos, pastora, dita religiosa, que denota em seu deboche de “novos dias” uma vontade imensa que a questão de minorias, seja devorada pela maioria. É bom que a ministra saiba que a questão dos direitos das minorias, não é uma questão que possa ser colocada para ser decidida pela maioria, pois direitos de minorias não emanam de eleições, se não, não seriam direitos de minorias, pois estariam sempre sepultados nas decisões majoritárias. Seitas e convicções religiosas não podem ser transferidas ao Estado, por agentes que o servem. Pela nossa laicidade não podemos admitir opiniões totalitárias, nem transformar nossas instituições em igrejas.
A promessa da melhoria de novos dias tem sido transmitida nas primeiras ações do governo Bolsonaro, como fraudes à soberania e aos direitos constitucionais. A entrega da demarcação de terras indígenas à extrema direita da UDR, a elevação dos juros habitacionais para a classe média, a reforma previdenciária em andamento, a transferência da embaixada em Israel para Jerusalém, o aquecimento global pelo marxismo - esta afirmação do chanceler brasileiro é digna de comédia dantesca - ridicularizada internacionalmente , o fim da reforma agrária, os livros didáticos com permissão de erros, a proposta de revisionismo histórico dos crimes contra a humanidade da ditadura de 1964, a extinção da EBC, a submissão servil aos Estados Unidos da América, através das idas e vindas da “base americana”, desmentida pelos próprios militares com patentes superiores ao presidente, têm sido um embuste deste governo. Ou o próprio Bolsonaro é um embuste e quem manda é um conselho militar invisível circundante ao poder estabelecido nas urnas?
Dias sombrios, sem dúvidas, se armam em tormentas contra toda uma sociedade, que, democraticamente, votou, crendo na possibilidade de uma mudança. Mudanças em que direção? Vemos que a fábrica de crenças está ativa no discurso moral que se pratica. Sem programa a ser seguido e empenhado no discurso faccioso da beligerância e intolerância, o governo tem prazo de validade: o desencanto está mais próximo do que parece, será breve, em nome de Deus.
Ou serão crendices?
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