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O golpe deu errado.
Não há apoio popular para que as políticas neoliberais implementadas pelo governo Temer sejam referendadas nas eleições de 2018.
As elites golpistas acreditavam que derrubando Dilma e prendendo Lula abririam um novo período na história brasileira, onde a hegemonia do programa pró-mercado estaria assegurada. Apostaram que o governo Temer seria uma “ponte para o futuro”, e que o golpe ganharia as eleições e se legitimaria com uma candidatura como a de Alckmin.
Nessa operação anti-PT se valeram de todas as armas e estimularam discursos de ódio, autoritários, neofascistas. Bolsonaro cresceu com o apoio da grande mídia e da direita “liberal”, que antes se colocava como democrática, “limpinha”, mas abandonou seus pudores.
Mas, Lula, o PT, a esquerda e o campo progressista não morreram. E o povão entendeu o que aconteceu. Tiraram Dilma e prenderam Lula para tirar direitos dos trabalhadores e impor uma política econômica que só gera desemprego.
Lula encarou a perseguição judicial e a prisão.
De uma cela fria em Curitiba, continuou a lutar e comandou a resistência ao golpismo. Muita gente boa achava que a tática do PT estava errada, que era preciso lançar um candidato alternativo no primeiro semestre ou apoiar Ciro Gomes.
Nada disso. Lula estressou o judiciário golpista e desmontou a farsa que foi sua prisão. A decisão da ONU marcou o ápice dessa resistência. As massas entenderam a perseguição e o motivo da prisão do Lula. A indicação de Haddad, como representante do ex-presidente na disputa eleitoral coroou uma tática ousada e correta.
Haddad disparou nas pesquisas e continua a crescer. O povão rapidamente entende que votar 13 é trazer Lula e as políticas sociais de volta. Os candidatos ligados ao golpe derretem.
E Bolsonaro?
Antes de mais nada é preciso situar o “fenômeno”. Há uma crise internacional do capitalismo neoliberal, e, por todo canto, cresce o neofascismo e os discursos de ódio. A eleição de Trump e a votação dos partidos de extrema-direita na Europa são parte dessa conjuntura.
O ex-caricato deputado se agigantou - para além do nicho eleitoral natural, dos ultra-conservadores. Cavalgou o antipetismo, aparece como “anti-sistema”, como alguém que tem coragem, que não é corrupto, que não tem o “rabo preso”.
A Globo, o PSDB e o tal mercado são responsáveis por essa desgraça. O neofascismo ganhou base de massas. E não adianta assobiar e olhar para o lado. Eles são agora vítima dos monstros que tiraram da cela.
Vencer o neoliberalismo e o neofascismo
Bolsonaro tenta se vender agora não só como um fascistoide, mas também como um ultra-liberal, confiável. Só que não tem estofo nem equipe, muito menos condições de governar.
O inominável - ao mesmo tempo que atiça as Forças Armadas (que vão retirando as máscaras ao se mostrar prontas para um golpe) e vai ganhando apoio entre os mais ricos, também preocupa o núcleo sensato das classes dominantes. Os dirigentes mais cerebrais sabem o risco de um eventual governo do capitão. Pode ser muito ruim para os negócios um eventual governo extremista - além do militar ser também muito frágil para derrotar o PT no segundo turno.
Todo mundo sabe que Haddad, ao herdar o apoio de Lula e com a estrutura petista, irá ao segundo turno - votação beirando os 30% dos válidos. E deve ir com Bolsonaro, que depois do atentado ampliou sua base eleitoral.
Bolsonaro é a direita na economia, mas também é um ícone do machismo, da homofobia, do racismo, da intolerância. Haverá confusão na classe dominante. Uma parte já aderiu e vai se somar ao militar no segundo turno. Outra parte está em dúvida ou já começou a tentar cooptar e domesticar Haddad, para tentar influir no possível futuro governo.
O candidato do PSL mudou de patamar. Não é um adversário que será facilmente batido em um segundo turno. Por outro lado, cresce sua rejeição. Os setores médios centristas terão muita dificuldade em sufragá-lo na segunda volta, a começar pelas mulheres.
Nós precisamos derrotar tanto os neoliberais de sempre, quanto o capitão neofascista.
Por isso, no primeiro turno não é hora para nenhum gesto ao centro.
Vamos consolidar o voto popular e o voto à esquerda. Sem bater em Ciro, que será nosso apoiador no segundo turno e um ministro importante em futuro governo do PT.
Haddad está muito bem. Soma às suas qualidades pessoais, uma fidelidade absoluta a Lula e o compromisso com o programa do PT - o melhor e mais radical que já apresentamos desde 1989.
Então, vamos nessa jornada. Levar Haddad ao segundo turno, sem vacilações e sem acenos ao “mercado”.
No segundo turno, é preciso vincular Bolsonaro não só ao neofascismo, mas, sobretudo, ao governo Temer e às políticas neoliberais. Mostrar que o capitão votou a favor da reforma trabalhista e que seu guru, Paulo Guedes, é sinônimo de políticas anti-povo, uma caricatura privatizante.
Vamos mostrar que o neofascista, além de ser homofóbico, racista, misógino e autoritário é também defensor das políticas de Temer. Um representante dos banqueiros que chegou a votar contra a PEC das domésticas.
Hadddad vai andar no fio da navalha.
No segundo turno, acenaremos ao centro, mas sem abandonar nosso programa de reformas estruturais. Vamos derrotar Bolsonaro aglutinando o eleitorado anti-Temer e todas e todos que repudiam o neofascismo.
Temos tudo para começar a derrotar o golpe em 28 de outubro. Depois, não nos enganemos. Começará a luta pela posse de Haddad e pelo seu governo.
Entretanto, primeiro é preciso garantir a vitória. Vamos às ruas!