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[caption id="attachment_133235" align="alignnone" width="960"] Matheusa se soma a mais de 100 mortes ocorridas apenas em 2018 da população LGBT - Foto: Reprodução/Facebook[/caption]
Na semana passada começou a circular pelas redes sociais memes que denunciavam o desaparecimento de Matheusa Passareli, estudante de Artes Visuais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). E o pior se confirmou: uma semana depois, o seu corpo foi encontrado queimado. Matheusa se soma a mais de 100 mortes ocorridas apenas em 2018 da população LGBT. E, a depender dos poderes políticos, tudo vai continuar como está.
De acordo com informações divulgadas pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Matheusa foi executada e, posteriormente, teve o seu corpo carbonizado, na Zona Norte da cidade de Rio de Janeiro. A Polícia Civil revelou que está investigando para chegar aos autores do crime.
Infelizmente, a trágica morte de Matheusa Passareli é um fato cotidiano no Brasil, país onde mais se mata LGBT no mundo. Segundo levantamento feito Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2016 foram assassinadas 343 pessoas, em 2017, 445, e o ano de 2018 já contabiliza 142 casos de assassinatos. Vale destacar que a maioria das vítimas é travestis ou transexuais.
Os números são objetivos: há um extermínio da população LGBT no Brasil.
Apesar da triste estatística, pouco ou quase nada tem sido feito nos últimos anos no que diz respeito a políticas públicas que visem combater o ódio à comunidade LGBT no Brasil. É necessária uma ampla ação que envolva educação, cultura e segurança pública para que o número de assassinatos contra as pessoas LGBT diminua. Na educação para trabalhar a geração futura, na segurança pública para que possamos estancar a sangria do presente.
O Brasil, que possui a maior Parada LGBT do mundo, e que já foi vanguarda nas discussões em tono das questões LGBT, a partir de 2006, com o fortalecimento da bancada e agenda fundamentalistas, caiu no atraso e obscurantismo. Nenhum projeto de lei que tenha como conteúdo política voltada para as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais avança no Congresso Nacional. E pior: nos últimos tempos com a complacência de parlamentares progressistas.
Estamos em ano de eleição – se é que o pleito será realizado – e já começam a pipocar na boca dos candidatos a sigla LGBT e a construção de um Brasil com todos. Ainda é pouco e neste ano precisamos avançar. Não adianta sorrir e dizer “sou contra a homofobia”, é necessário que se apresente políticas de fato. Por exemplo, no campo da educação: de que maneira os candidatos à presidência da República pretendem combater o Escola Sem Partido e colocar a questão LGBT na matriz nacional da educação de base?
Outra questão começa a surgir: a necessidade de uma aliança política com o chamado “centrão”, mas não podemos esquecer que foi justamente esse tipo de aliança que enterrou o pouco de política pública LGBT dos governos petistas.
O que os candidatos à presidência da República pretendem fazer para barrar o extermínio das pessoas LGBT?
E sobre o extermínio da população negra?
E das mulheres?
É preciso compreender que as maiorias do Brasil estão sendo massacradas por uma minoria odiosa que acha que pode decidir quem deve morrer e quem deve viver.