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Ontem, ao postar que Mandela era comunista, algumas pessoas me mandaram mensagem privada afirmando que eu estaria “manchando” (para não reproduzir exatamente o que foi dito, por educação), a imagem do grande líder da África do Sul.
Surpreendida que fui com a desinformação reinante, achei melhor escrever sobre a prisão dele, e traçar um paralelo entre alguns aspectos de sua prisão e a de Lula, ambas políticas.
A prisão de Mandela em 1964 chocou o mundo, mas não foi a primeira vez que ele enfrentou o sistema judicial anti-democrático, branco e elitista de seu país. Ele havia sido preso, anteriormente, assim como Lula, na sua primeira prisão, por liderar uma greve.
Depois de liberto, na medida em que sua popularidade crescia, Mandela foi acusado e preso novamente. Antes que me digam que Mandela não foi presidente antes de ser preso, porque obviamente eu sei disso, ele não o foi porque o sistema político de seu país o impedia, o apartheid não permitia esse direito. Mandela era comunista. Mandela estudou minuciosamente os escritos de Mao e de Che Guevara.
O que impressiona na denúncia que levou Mandela à prisão em 1964 é que ele foi acusado de sabotagem, por “promover o comunismo e solicitar, aceitar e receber dinheiro tanto dentro como fora da África do Sul”. Sim, Mandela foi acusado de ser “comunista e corrupto”, e foi isso que o levou à prisão.
Mandela foi preso político, sua prisão foi uma criação midiática apoiada pelo judiciário de seu país. Assim como ele, Lula também é um prisioneiro político, e as mentiras que levaram à sua prisão foram criadas pela mídia, numa narrativa perversa, apoiada pelo judiciário do nosso país. E sim, o nosso judiciário é elitista e branco, e nada, nada democrático. Vivemos um imenso apartheid social. Se ele não está na lei, está nos fatos.
Se você não sabe também, o grupo que comprou parte da Revista Veja, o Naspers, foi um dos apoios do regime racista. O Naspers surgiu em 1915 com o nome de Nasionale Pers. Por quase um século permaneceu como o grupo midiático que sustentou o Partido Nacional, o nojento recurso das elites africâneres que manteve o apartheid na África do Sul. O grupo teve membros indicados a Ministros de Estado durante o regime, e jamais se desculpou por isso. Sabe-se também que diretores do Naspers foram simpatizantes do nazismo. Outras empresas brasileiras são controladas pela Naspers ou a tem como acionária. A Naspers nunca se desculpou por sua ação no regime sul africano.
Posto aqui uma foto de um jornal da época da prisão de Mandela.