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[caption id="attachment_130139" align="alignnone" width="800"] Foto: Fotos Públicas[/caption]
A primeira vez que vi Lula foi em um comício em Curitiba. De repente, alguém começou a passar mal em meio à multidão. Lula, do palco, comandou a vaga que se abriu para chamar um médico – o doutor Rosinha – que acorreu para prestar socorro. Ele conduzia a multidão. Eu fiquei tão impactada com aquele gesto que nunca mais consegui esquecê-lo. Era isto, ele movia multidões, ele podia tudo. E por tempos, acreditei nisto.
Mas, Lula conciliou, silenciou quando da prisão de Genoíno e Zé Dirceu. Não, ele não podia fazer isto. Fui me decepcionado com o personagem, enquanto dentro de mim alimentava um sonho com o Lula que eu queria que fosse.
Ele fez coisas grandiosas e não fez outras, que eu achava que poderia fazer. Fiquei muito, muito brava. Bati os pés e queria que ele fosse o Lula que eu sonhara. Ele foi o Lula do seu tempo. De suas possibilidades, de sua história. Fez muito. Fez o que pode ou o que achava que deveria fazer. Eu queria mais.
E contraditoriamente, mesmo vindo a estudar a crítica ao culto de personalidade, mesmo pesquisando a resistência, no fundo, eu o queria como salvador. Vê-lo se entregar - para não permitir violências maiores – me quebrou.
Não queria ver o Lula rendido. Queria guardar sempre a imagem do Lula assertivo. Ele envelheceu e passou o bastão. Eu, infantilmente, bati o pé e disse que não era a hora.
Mesmo que fosse para criticá-lo, eu o queria altivo, eu o queria livre.
Mas, agora, é com a gente. É aquele momento da vida e da história em que a gente percebe que o pai não pode mais tudo, que a gente precisa ser adulto e crescer. Bora lá, fazer o que podemos fazer na herança desta história política com seus acertos e erros. Bora lá crescer....
É um novo tempo e a gente se assusta. Mas, precisamos respirar fundo e seguir. Você foi um baita cara!