ABGLT repudia encontro de entidades LGBTI com Damares Alves: "Não em nosso nome"

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) divulgou uma nota de repúdio à reunião entre a Aliança Nacional LGBTI e outras entidades com a futura ministra Damares Alves: "Qual o sentido de militantes LGBTIs emprestarem suas imagens para dar à futura ministra uma 'cara positiva' em relação a nossas demandas? A quem isso serve?"

Divulgação
Escrito en COLUNISTAS el
NÃO EM NOSSO NOME! NOTA DA ABGLT SOBRE REUNIÃO COM MINISTRA DE BOLSONARO Foi divulgada em alguns sites a realização no dia de ontem de uma reunião entre entidades do movimento LGBTI e a futura Ministra da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, na qual teriam sido debatidas as posições do futuro governo Bolsonaro para os direitos da população LGBTI. A ABGLT foi convidada por um dos articuladores desta reunião pelo movimento LGBTI e recusou-se a participar, bem como assinar o documento citado na matéria com propostas ao novo governo. Não desconhecemos que Jair Bolsonaro foi eleito pelo voto popular, e lamentamos profundamente esse trágico resultado para a população LGBTI e para a ampla maioria dxs exploradxs e oprimidxs de nosso Brasil. Nossa avaliação é de que as agendas de Bolsonaro serão o aprofundamento de todos os ataques anti-populares já praticados pelo golpista Temer, e que atingiram todos os segmentos da população que estão fora dos 5% que detém mais de 50% das riquezas do país. E se não bastasse o perfil do governo e do futuro presidente, a pessoa escolhida para ser Ministra da Família e dos Direitos Humanos é inimiga declarada dos direitos da população LGBT, com vários pronunciamentos bastante explícitos a esse respeito. Podemos acreditar numa ministra a favor dxs LGBTIs que se pronuncia contra a discussão de gênero e sexualidade nas escolas, ou ainda, que se coloca a favor da possibilidade da “cura gay”, e que em vários momentos atuou de forma leviana contra o Projeto Escola Sem Homofobia? Qual a credibilidade que esta cidadã tem para credenciar-se como interlocutora junto ao movimento LGBTI? E mais: qual o sentido de militantes LGBTIs emprestarem suas imagens para dar à futura ministra uma “cara positiva” em relação a nossas demandas? A quem isso serve? A ABGLT não abrirá mão de continuar denunciando o golpe, os conservadores e os fascistas, e seguirá no processo que vimos construindo desde o Fórum Social Mundial de 2018, chamando as entidades combativas do movimento LGBTI brasileiro a se somarem numa ampla frente de luta para combater todas as medidas do governo Bolsonaro que afrontem nossos direitos, bem como ao lado de todas as organizações dos movimentos feminista, negro, de juventude, sem terra, sem teto, sindical, e dos demais segmentos excluídos de nossa sociedade, para evitar mais retrocessos de quaisquer tipo. Nenhum Direito a Menos! Fora golpistas e fascistas! ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos