UNIVERSO

Mistério cósmico: cientistas localizam possível origem da matéria comum desaparecida no universo

Descoberta pode mudar o que se sabe sobre o funcionamento dos buracos negros

Retrato um halo gasoso que pode abrigar uma quantidade de matéria comum maior do que se imaginava..Créditos: Nasa
Escrito en TECNOLOGIA el

Um novo estudo pode ter resolvido um mistério que intriga os astrônomos há décadas: onde está a matéria comum que falta no universo?

Essa matéria, também chamada de bariônica, é diferente da matéria escura e deveria representar cerca de 15% da massa total do cosmos. Mas, ao olhar para estrelas, galáxias e planetas, os cientistas só conseguiam enxergar metade desse total.

Agora, uma equipe internacional de pesquisadores encontrou sinais de que essa matéria pode estar em nuvens de gás hidrogênio ionizado que cercam as galáxias. Segundo o grupo, esses halos gasosos são muito maiores do que se pensava e podem conter boa parte da matéria "desaparecida".

“As medições estão de acordo com a ideia de que encontramos esse gás perdido”, afirmou Simone Ferraro, pesquisadora da Universidade da Califórnia, Berkeley. O trabalho ainda está em revisão por pares, mas já foi publicado no repositório científico arXiv.

Dados possibilitaram descoberta 

Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram dados do projeto DESI (Instrumento Espectral de Energia Escura), no Arizona (EUA), e do Telescópio Cosmológico do Atacama, no Chile. Eles analisaram imagens de cerca de 7 milhões de galáxias e mediram como o gás ao redor delas afeta a radiação cósmica de fundo — a luz mais antiga do universo, que sobrou do Big Bang.

Com essa técnica, conseguiram detectar halos de gás invisíveis aos métodos tradicionais. Também observaram filamentos de gás ligando diferentes galáxias, formando uma espécie de teia cósmica onde a matéria perdida poderia estar escondida.

A descoberta pode mudar o que se sabe sobre o funcionamento dos buracos negros. Antes, acreditava-se que eles só liberavam grandes quantidades de gás no começo de sua vida. Mas essas nuvens gigantes sugerem que os buracos negros podem se reativar com mais frequência do que se imaginava.

“Uma hipótese é que eles se liguem e desliguem de tempos em tempos”, disse Boryana Hadzhiyska, autora principal do estudo.

O próximo passo será incluir essas novas informações nos modelos que explicam a formação e evolução do universo.

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