A Alphabet, dona do Google, faturou apenas nos três primeiros meses deste ano US$ 80,53 bilhões. Teve um lucro líquido de US$ 23,6 bilhões. No câmbio de hoje, em torno de R$ 121 bilhões.
O Itaú foi o banco mais lucrativo do Brasil em 2023. Seu lucro foi de R$ 35,6 bilhões.
Ou seja: o Itaú precisaria lucrar esses absurdos R$ 35,6 bilhões durante mais de três anos para conseguir o lucro da dona do Google em apenas três meses.
Daí a dificuldade da regulação das redes, que está na pauta há anos, mas não sai do lugar.O poderio econômico dos conglomerados donos das redes é imenso.
À Alphabet se junta a extrema direita mundial, que é contrária a qualquer tipo de regulação, porque precisa da disseminação de fake news para sobreviver.
Um de seus maiores expoentes é o bilionário Elon Musk, dono da rede X, que defende até quebra de regras democráticas, como golpes de Estado, sempre que for do interesses dos grandes conglomerados mundiais, como disse a respeito do golpe na Bolívia:
"Nós daremos o golpe em quem quisermos. Lide com isso."
Entraves à regulamentação
A alegação da Alphabet e das demais redes sociais é de que elas não podem ser responsabilizadas pelo conteúdo, porque apenas cedem o espaço para a publicação.
O ministro Alexandre de Moraes foi no ponto em sua crítica, quando defendeu que as plataformas devem ser responsabilizadas pelo conteúdo publicado:
"As big techs dizem exatamente isso: que elas são grandes depósitos. Não há nenhum problema. Se você tem um depósito na vida real, você aluga o depósito e a pessoa que alugou faz de lá um laboratório de cocaína, você não tem responsabilidade por isso, você não sabia", afirmou.
"Agora, se você descobre e faz um aditamento no contrato para ganhar 10% da venda da cocaína, no mundo real você tem que ser responsabilizado. Disso, ninguém discorda", seguiu.
No entanto, ressaltou o ministro, "no mundo virtual, se você simplesmente é um depositário de artigos, vídeos, você não pode ser responsabilizado. Agora, se você monetiza isso, se você coloca os seus algoritmos para direcionar com prioridade essas notícias, aí você está igual à pessoa que está ganhando 10% da cocaína", ressaltou.
As redes sociais lucram mais que os traficantes. Porque, com seus algoritmos, elas criam a necessidade no consumidor e o levam ao destino para fazerem a compra. Ficam com parte do lucro da venda.
E também recebem dos traficantes em anúncios em que eles pagam para impulsionar seu espaço nas redes e atrair os clientes.
Lucram nas duas pontas. Por isso lucram tanto e não querem nem ouvir falar em regulamentação.
O lobby das big techs é poderosíssimo e usa como mantra a defesa da "liberdade de expressão" sem limites (sem regulamentação) com liberdade até para disseminar ódio, preconceito e fake news (contra vacinas, por exemplo) que podem levar a matar ou morrer.
Parece a frase cínica do policial que virou bandido Mariel Mariscot sobre os assassinatos que teria cometido:
"Eu não mato ninguém. Só faço o furo. Quem mata é Deus."