Levantamento DataFórum desta quarta-feira (25) mostras que a farra do cartão corporativo realizada pela família Bolsonaro e a tragédia do povo Yanomami permanecem com os principais assuntos. No entanto, os dados também revelam que uma espécie "governo Lula paralelo" está sendo construído nas redes sociais.
Os perfis bolsonaristas e a comunidade de extrema direita têm se empenhado na missão de construir um governo federal fictício. Como assim? Trata-se de uma ação que, diariamente inventa ações do novo governo federal que visam transformar o Brasil em uma ditadura comunista e afundar a população na miséria.
Para tanto, ações e falas de ministros são inventadas; as viagens diplomáticas de Lula completamente distorcidas e assim um Brasil paralelo vai sendo construído a partir de mentiras e desinformação.
Chama atenção o fato de que as mentiras sobre o governo Lula não são desmentidas pelos canais oficiais e, dessa maneira, as mentiras sobre o novo governo Lula se espalham sem nenhuma forma de confrontação e algumas acabam por ensejar longos debates nas redes sociais.
A extrema direita obteve 42% das menções no Twitter. Os progressistas, somados a Cultura de rede, tiveram 51% das citações.
Foram analisados 627.216 tweets a partir das tags lulaoficial, @lulaoficial, jairbolsonaro, @jairbolsonaro, lula, bolsonaro, @ptbrasil, ptbrasil, @plnacional_, plnacional_.
Extrema direita
A extrema direita centrou em fazer ataques ao Lula, com relevância para o futuro financiamento pelo BNDES de investimentos na Argentina, com menção à extração de gás de xisto, danoso ao meio ambiente.
Há desinformação, afirmando que haverá recursos para financiamento externo, mas que o Bolsa Família será adiado, como se o aporte de recursos do financiamento fosse imediato.
A alta da gasolina anunciada pela Petrobras foi atribuída a Lula, afirmando que ele não está cumprindo promessas eleitorais.
Influenciadores afirmaram que a fala de Lula, de que houve golpe em 2016, é um ataque às instituições democráticas. A divulgação do mandante do assassinato de Dom e Bruno foi utilizada para isentar o governo Bolsonaro de culpa.
Progressistas
Luis Claudio, filho de Lula, citou a “fuga” de Carlos Bolsonaro ao exterior para reafirmar que nem ele, nem o pai e nem os irmãos fugiram do Brasil, mesmo sabendo que a Lava Jato era uma perseguição política e Felipe Neto também disseminou a mesma informação.
O escândalo do descaso entre os Yanomami foi o maior destaque, com Bolsonaro e Damares sendo responsabilizados pela tragédia.
Também continuou repercutindo a farra com o cartão corporativo pela família Bolsonaro e foram resgatados vídeos do Paulo Guedes e Bolsonaro anunciando a intenção de criar uma moeda única com a Argentina, o “Peso Real”.
O financiamento do BNDES na Argentina foi defendido, como sendo estratégico para o crescimento e para geração de empregos no Brasil.
Cultura de rede
A imagem do Lula foi associada aos participantes do BBB 23 de maneira positiva, em contexto de humor, em conjunto com outros memes e situações da cultura pop.
O escândalo das Lojas Americanas foi citado, afirmando que se Lula tinha obrigação de saber do mensalão, Lemann também teria de saber do rombo na sua empresa.
O uso de “linguagem neutra” pelo governo foi comemorado.
Direita liberal
Entre expoentes da direita liberal os financiamentos do BNDES para obras em outros países foram alvos de ataques, tratados como um tipo de “doação” de recursos e o fato de Lula classificar o impeachment como golpe foi utilizado para dizer que ele atacou o STF, que considerou o processo legítimo.
Também repercutiu negativamente o desastre humanitário entre os Yanomami.