CRUZES!

Como foi possível uma mulher morta “conversar” com as pessoas no próprio velório

Filho da idosa, que é cofundador da empresa de tecnologia StoryFile, foi quem teve ideia. Casos que “recriam” a existência de pessoas que já morreram têm crescido no mundo

Stephen, o filho, com sua mãe no telão, durante funeral.Créditos: Foto: Divulgação/Marina H. Smith Foundation
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A notícia de que uma idosa de 87 anos, chamada Marina Smith, teria “conversado”, por meio de inteligência artificial (AI), com as pessoas que foram ao seu velório, em Nottingham, no Reino Unido, surpreendeu o mundo. O idealizador da “recepção” incomum (e até mórbida, para muita gente) foi o filho dela, Stephen Smith, dono da empresa de tecnologia StoryFile, que desenvolveu o método.

A cerimônia fúnebre foi em junho, mas só agora foi informado ao público que todos que foram se despedir de Marina, uma ativista pela memória do Holocausto, puderam fazer perguntas para a idosa, que por meio de uma espécie de videochamada (e alguns segundos de delay), respondia aos questionamentos.

Smith explicou que para realizar o procedimento foi necessário gravar a mãe, enquanto viva, utilizando 20 câmeras e falando sobre inúmeras passagens de sua vida. Depois, o material é editado, armazenado e ordenado, para ser colocado num processador que reconhece os temas perguntados e faz com que a máquina dê uma resposta pertinente para a dúvida. O delay (atraso no retorno por parte da máquina) é justamente por conta desse processamento que busca a melhor resposta.

Nos casos em que a AI não consegue dar uma resposta satisfatória para a questão formulada, a imagem da própria idosa na tela recomenda que a pessoa tire uma outra dúvida. Durante o funeral, Smith relembra que perguntou à própria mãe o que ela teria a dizer às pessoas presentes na despedida do seu corpo, ao que Marina “respondeu” estar “agradecida por encontrar pessoas tão boas, que influenciaram a sua vida”.

Iniciativa não é a primeira

Também usando inteligência artificial (AI), ainda que com tecnologia e método totalmente diferentes do caso de Marina, uma emissora de TV da Coreia do Sul conseguiu, no início de 2021, recriar a voz do cantor Kwang-seok, morto aos 25 anos, após uma análise de mais de 700 músicas do artista.

Nos EUA, o projeto Project December, uma plataforma que permite aos usuários criarem chatbot (caixa de diálogos com um robô, como nos teleatendimentos), desenvolveu uma tecnologia para que um homem identificado como Joshua, de 33 anos, pudesse “conversar” com sua noiva falecida em 2012. No entanto, como o caso ganhou repercussão pública, a empresa OpenAI, responsável pelo sistema, resolveu dar fim à iniciativa.