Este levantamento DataFórum abarca o período anterior e posterior à circulação da informação de que os corpos do servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e do jornalista britânico, Dom Phillips, haviam sido encontrados. Notícia que depois foi desmentida pela Polícia Federal, pela União dos Povos do Javari (Univaja) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e que teve forte repercussão no Brasil e o exterior.
O desaparecimento de Pereira e Phillips mobilizou centenas de perfis no Twitter que atuam em torno das questões do Meio Ambiente, em defesa dos povos originários e da floresta amazônica. Estes grupos responsabilizam o governo Bolsonaro pela demora nas investigações e buscas e há também forte clamor por justiça entre as publicações.
A tragédia em torno de Bruno Pereira e Dom Phillips isolou no Twitter os grupos bolsonaristas e também a figura de Jair Bolsonaro, que é apontado como o responsável direto pelo aumento de atividades ilegais na Amazônia e também por conduzir uma política desastrosa de Meio Ambiente e, em específico, sobre a Amazônia, pois, seu governo é acusado de tornar a região mais perigosa para a atuação de ativistas dos direitos humanos, ambientalistas e, sobretudo, um risco de vida para vários povos indígenas que vivem na Amazônia.
A claque bolsonarista tenta articular discurso que exime a responsabilidade de Bolsonaro no desaparecimento de Pereira e Phillips e, ao mesmo tempo, afirmam que o servidor da Funai e o jornalista foram "irresponsáveis" ao navegar por regiões remotas sem segurança. Ou seja, para o campo bolsonarista, os dois são responsáveis pelo que aconteceu.
No entanto, a estratégia bolsonarista de tentar eximir o presidente da responsabilidade pelo desaparecimento de Pereira e Phillips não tem funcionado e os grupos de apoio ao ocupante do Palácio do Planalto estão isolados no Twitter: os críticos ao presidente e às suas políticas ambientalistas somaram 60% das menções, perfis noticiosos 18% e Bolsonarismo 11%.
Foram analisados 182.282 tweets a partir dos seguintes pesquisados: ("dom" "bruno") ou ("dom phillips" "bruno pereira") ou ("indigenista" "jornalista" "amazônia") ou ("desaparecidos" "amazonia") ou ("Javari") ou ("journalist" "indigenous") ou ("missing" "amazon") ou ("found" "amazon").
Progressistas destacam desmonte das políticas ambientais por Bolsonaro
Esta comunidade foi formada por pessoas de perfil progressista e defensores do meio ambiente, e responsabilizou o Governo Federal pelo desaparecimento de Dom Philips e Bruno Pereira. Foi lembrado o desmonte da política ambiental e o favorecimento de garimpeiros, grileiros, madeireiros e pescadores ilegais na Amazônia.
Bruno Pereira foi apontado como um funcionário público que sempre combateu o crime organizado e as atividades ilegais na região, e que teria sido exonerado por cumprir suas funções. A redução da fiscalização, a militarização da Funai e as declarações de Bolsonaro contra ambientalistas foram destaque.
Comunidade de jornalistas e mídia repercute notícias sobre os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips
Neste grupo repercutiu a informação recebida por André Trigueiro de que os dois corpos haviam sido encontrados, que posteriormente foi negada pela PF e por Beto Marubo, ativista indígena.
Também repercutiu a notícia que foram achados pertences de Dom e Bruno em uma mochila no rio. Também teve destaque a manifestação de indígenas em Atalaia do Norte, exigindo o esclarecimento do desaparecimento.
Bolsonaristas eximam Bolsonaro e culpam Pereira e Phillips por desaparecimento
Esta comunidade focou esforços em eximir de culpa o Bolsonaro e seu governo. Foi divulgado vídeo em que o Bolsonaro critica o STF por ter solicitado informações e o empenho do executivo nas buscas, no qual afirma que desaparecem muitas pessoas todos os anos e que o Barroso só se preocupou com os dois. Também foi destaque neste grupo afirmações que houve desaparecimentos e mortes na Amazônia nos governos do PT.
Foi difundida a informação, publicada por veículos de direita e atribuída à GloboNews, de que a morte teria sido encomendada por um traficante peruano. Também circulou a declaração do vice-Presidente Mourão, de que ambos teriam entrado em área perigosa sem pedir escolta.
Perfis ativistas clamam por justiça
Nesta comunidade há forte indignação e clamor por justiça para Bruno Pereira e Dom Philips. O Governo Bolsonaro foi criticado por não estar fazendo esforços suficientes nas buscas e Sérgio Moro por ter exonerado o Bruno do seu cargo de coordenador de povos indígenas isolados da Funai.
Bruno e Dom foram lembrados como pessoas que lutam pelos povos indígenas e pelo ambientalismo e o desaparecimento foi bastante lamentado.
Comunidade anti-Bolsonaro acusa governo federal de não se empenhar nas buscas
Este grupo é marcado pelo lamento com o desaparecimento, e eventual assassinato, do jornalista e do indigenista, que são retratados como ativistas por um mundo melhor e mais justo. Há mensagens de pesar para familiares e internautas e pessoas que afirmam ser um duro golpe para a imagem do Brasil.
Diversos internautas criticam Bolsonaro e a banalização da violência que seu discurso promove na sociedade.
Comunidade pop manifesta pesar por Bruno Pereira e Dom Phillips
Esta comunidade reuniu celebridades, influenciadores e perfis que comentam cultura pop, que manifestaram pesar pelo desaparecimento ou morte de Dom e Bruno.
No grupo repercutiu a informação de que os corpos haveriam sido encontrados.
Repercussão internacional
Perfis de mídia internacionais repercutiram o desaparecimento e a informação de que os corpos haveriam sido encontrados, além da notícia da localização dos pertences de ambos.
Celebridades, como Mark Ruffalo, pediram proteção para ativistas e ambientalistas.