VIOLÊNCIA POLÍTICA

Guaranho vai para prisão domiciliar após condenação de 20 anos pelo assassinato de Marcelo Arruda

O Tribunal de Justiça do Paraná atendeu a um pedido de habeas corpus da defesa de Guaranho e alegou "razões humanitárias"

Créditos: Redes sociais/Reprodução
Escrito en BRASIL el

O Tribunal de Justiça do Paraná decidiu manter o regime de prisão domiciliar para Jorge Guaranho, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de Marcelo Arruda. A decisão foi tomada com base em "razões humanitárias", já que Guaranho sofre "graves problemas de saúde decorrentes de nove disparos de arma de fogo e espancamentos, que causaram fraturas, perda de dentes e deixaram projéteis alojados em seu corpo, inclusive na região craniana".

A defesa argumentou que a condenação poderia levar à revogação da prisão domiciliar, interrompendo o tratamento médico essencial do paciente. Diante disso, o tribunal optou por manter o regime domiciliar com monitoramento eletrônico, permitindo apenas deslocamentos para tratamento médico. Além disso, foram impostas medidas cautelares, como:

  • Comparecimento periódico em juízo;
  • Proibição de sair do domicílio, exceto para tratamento médico;
  • Proibição de contato com pessoas envolvidas no caso;
  • Proibição de deixar a Comarca de Curitiba.

A decisão foi fundamentada no direito à saúde e na dignidade da pessoa humana, garantidos pela Constituição Federal e pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos. O relator do caso, Desembargador Gamaliel Seme Scaff, concedeu a liminar para manter a prisão domiciliar até o julgamento do mérito da ação.

De acordo com a Justiça do Paraná, "a medida visa garantir que Guaranho continue recebendo os cuidados médicos necessários, sem colocar em risco a sociedade ou o cumprimento da lei penal".

À Fórum, o advogado da família de Marcelo Arruda, Rogério Oscar Botelho, afirmou que vão esperar o julgamento do mérito (se o Tribunal mantém ou não a prisão domiciliar) para tomar qualquer atitude. Botelho ressaltou que a decisão de enviar Guaranho para prisão domiciliar "é provisória". 


Bolsonarista que matou Marcelo Arruda é condenado a 20 anos de prisão

 

O ex-policial penal Jorge Guaranho foi condenado nesta quinta-feira (13) a 20 anos de prisão pelo assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, em 9 de julho de 2022.

A sentença, proferida pelo Tribunal do Júri de Curitiba, considera o crime como homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e perigo comum. A pena será cumprida inicialmente em regime fechado, mas cabe recurso da decisão.

O crime ocorreu durante a festa de aniversário de 50 anos de Arruda, que tinha como tema o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Guaranho, que não conhecia a vítima, invadiu o local exaltando o ex-presidente Jair Bolsonaro e, após uma discussão, disparou contra Arruda. O crime chocou o Brasil à época e se tornou símbolo da violência política da extrema direita.

Durante o julgamento, que se estendeu por dois dias, Guaranho se recusou a responder perguntas do Ministério Público e classificou o assassinato como uma "idiotice".

Ele afirmou que foi à festa para uma "brincadeira" e que assassinou o petista em legítima defesa. "Foi uma fatalidade", disse o homicida.

Em seu depoimento, desmontou a estratégia de sua defesa ao afirmar que se lembrava do dia do crime, contradizendo a alegação de amnésia pós-trauma sustentada por seus advogados.

Ainda cabe recurso da decisão.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar