VIOLÊNCIA POLÍTICA

Caso Marcelo Arruda: Júri sai de Foz do Iguaçu e é marcado para 2025 em Curitiba

A decisão revoltou Pamela Silva, viúva da vítima; Segundo seu relato, a mudança de cidade só foi possível porque a defesa de Jorge Guaranho, o autor do crime, abandonou o plenário no dia que o julgamento deveria ocorrer

Marcelo Arruda em sua festa de aniversário, momentos antes de ser assassinado.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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A juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, decidiu nesta segunda-feira (5) pela marcação do julgamento de Jorge Guaranho para os dias 11, 12 e 13 de fevereiro de 2025 na capital paranaense. O policial penal é apontado como o assassino de Marcelo Arruda, em crime ocorrido em julho de 2022 no contexto das eleições daquele ano.

Arruda, que era guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), foi assassinado a tiros por Guaranho na noite de 9 de julho de 2022, durante sua festa de aniversário que tinha decorações alusivas a Lula e ao PT. O bolsonarista invadiu a festa, realizada na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, e efetuou vários disparos.

Segundo o boletim de ocorrência, Guaranho chegou ao local com a esposa e um bebê no carro e desceu armado, gritando: "aqui é Bolsonaro". Marcelo Arruda morreu ainda durante a madrugada, após ser levado ao hospital. Ele deixou a esposa Pamela Silva e quatro filhos, um deles ainda bebê.

A primeira data para o julgamento já havia sido marcada para dezembro de 2023, mas os advogados de Guaranho alegaram que ainda faltava a realização de procedimentos técnicos da defesa, pediram adiamento e o julgamento foi remarcado para abril deste ano.

“Quando chegou na data de julgamento, lá estava o júri, todas as testemunhas intimadas, o réu, os advogados e a população de Foz do Iguaçu. Simplesmente, antes de iniciar o julgamento, antes da população acessar o local, a defesa deles abandonou a plenária alegando um suposto cerceamento de direito à defesa, o que ficou comprovado que não aconteceu”, explica Pamela Silva, viúva de Arruda, à reportagem.

O juiz de Foz do Iguaçu então remarcou o julgamento para maio e nomeou um advogado público para o caso de a defesa abandonar novamente o júri. Faltando quatro dias para o julgamento de maio, a defesa de Guaranho entrou com pedido de desaforamento. Ou seja, pediram uma mudança de comarca, o que faria o julgamento ocorrer em outra cidade.

A defesa de Guaranho alegou que, caso realizado em Foz do Iguaçu, o julgamento seria desfavorável ao seu cliente uma vez que a vítima era pessoa conhecida por conta do seu cargo de funcionário público exercido havia muitos anos naquele município.

O juiz acatou o pedido da defesa de Guaranho e o caso foi para o Tribunal de Justiça do Paraná, que no mês passado decidiu que o julgamento ocorreria em Curitiba. Dessa vez, ficaram estabelecidas as novas datas para o júri.

“Esse julgamento já era para ter acontecido não fosse a defesa dele fazer tantos pedidos. É direito dele, eu sei, mas isso só aumenta a agonia da família que, mais uma vez, tem de aguardar mais um período para ver a Justiça ser feita. Isso causa uma expectativa e uma decepção. Ficamos indignados por conta da mudança de cidade, mas acreditamos na Justiça. Esperamos que agora, de fato, o júri aconteça. Depois de três datas marcadas, esperamos que finalmente aconteça”, declarou Pamela Silva.