HIGIENISMO?

Vereadores criam projeto contra doação de esmolas; Júlio Lancelotti critica

A autora do projeto Danielle Zanella (PSDB) disse que "a mudança significativa precisa vir da própria pessoa", responsabilizando os sujeitos pela própria vulnerabilidade

Daniella Zanella (PSDB) na Câmara de Rio do Sul.Créditos: Foto: Câmara de Rio do Sul
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A Câmara de Vereadores de Rio do Sul, município localizado no interior de Santa Catarina, aprovou na última segunda-feira (14) um projeto de lei que cria um programa que desestimula a doação de esmolas para pessoas em situação de vulnerabilidade. A proposta foi criticada por entidades de direitos humanos e pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo.

O texto prevê disposição de recursos para a criação de campanha socioeducativa para condenar a concessão de esmolas. O Município gastará com placas e cartazes. Por enquanto, não há previsão de punições nem para quem pedir dinheiro ou para quem doar.

O nome da campanha, que se assemelha a políticas higienistas, é “Seu Dinheiro os Mantém na Rua”.

"Impressionante", lamentou Lancelotti em publicação feita no Instagram. O padre compartilhou uma publicação feita por uma pessoa no Facebook que questionava o teor da proposta: "Que tal um projeto de apoio e inclusão social para que não precise mais pedir esmola? Que tal uma Casa de Passagem em Rio do Sul para atender as pessoas mais necessitadas? Afinal, Rio do Sul é uma cidade polo e já deveria ter. Isso sim, seria um projeto que apoiaríamos".

A autora do projeto, vereadora Danielle Zanella (PSDB), já foi secretária municipal de Assistência Social. A parlamentar responsabiliza a pessoa em situação de rua pela própria vulnerabilidade. “Existem programas e projetos de inclusão, principalmente para o mundo do trabalho, para que estas pessoas possam mudar sua forma de vida. Um exemplo é o Pead (Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego), que faz a inclusão para o trabalho, para a formação, cursos. Temos também a Casa de Assis, que atende pessoas em situação de rua com alimentação e cursos profissionalizantes. A mudança significativa precisa vir da própria pessoa, de se reconhecer como sujeito de direitos e tomar a iniciativa de trabalho, emprego, renda”, disse.

O projeto agora depende de sanção do prefeito Jose Thome (PSD).

Com informações da Assessoria da Câmara de Rio do Sul