VIOLÊNCIA POLICIAL

PT pede ao MP que investigue caso de adolescente morta pela PM de SP

Jovem de 16 anos foi assassinada durante abordagem policial enquanto defendia o irmão que era agredido por agente da corporação

PT pede ao MP que investigue caso de adolescente morta pela PM de SP.Créditos: Reprodução redes sociais
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O deputado estadual e líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Paulo Fiorilo, acionou o Ministério Público de São Paulo (MP) na sexta-feira (10) para que investigue o caso da adolescente de 16 anos que foi morta por um policial militar durante uma abordagem na zona leste da capital paulista.

A trágica cena ocorreu na última quinta-feira (9), em Guaianazes, na zona leste de São Paulo: Victória Manoelly dos Santos, de 16 anos, foi morta por um disparo feito pelo policial militar Thiago Guerra. Ao dar uma coronhada na cabeça de Kauê Alexandre dos Santos Lima, 21, a arma disparou e acertou Victória no tórax. Victória era irmã de Kauê e o defendia da truculência dos policiais. Entenda mais abaixo.

No ofício enviado ao procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, o deputado solicita ação imediata do órgão no controle das atividades da Polícia Militar do estado de São Paulo. Para tanto, o caso do assassinato de Victória Manoelly dos Santos é citado, assim como outros registros de abuso de força da PM que resultaram em tragédias.

Além disso, o deputado do PT também pede, via ofício, que no caso específico do assassinato de Victória Manoelly dos Santos, seja verificado o uso da câmera corporal do PM envolvido, possível omissão de socorro - a mãe de Victória, Vanessa Priscila dos Santos, afirma que os agentes se recusaram a socorrer sua filha - e a intensificação da fiscalização dos protocolos operacionais das forças policiais.

PM mata adolescente de 16 anos após dar coronhada no irmão dela
 

A adolescente Victoria Manuely, de 16 anos, foi morta a tiros na madrugada desta sexta-feira (10), por um policial militar durante uma abordagem. Segundo a Polícia Civil, pouco antes de disparar, o PM deu uma coronhada na cabeça do irmão da vítima.

O delegado Victor Sáfadi Maricato afirmou no boletim de ocorrência que, após ouvir as testemunhas e analisar as imagens da câmera corporal do PM, "há claros e fortes indícios" de que o disparo que matou a jovem teve origem da arma do sargento Thiago Guerra quando ele bateu com a pistola na cabeça em Kauê.

O delegado, que prendeu o policial e recolheu a sua arma, afirmou que dar coronhadas em abordagens não corresponde "às doutrinas das polícias brasileiras" e que quem faz isso assume riscos do resultado. O PM foi indiciado pelo crime de homicídio.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, por sua vez, também informou que o PM está preso e teve a arma recolhida, e que a corporação não compactua com excessos ou desvios de conduta.

O crime

Victoria e Kauê, de 22 anos, estavam com a mãe e alguns amigos em frente a um bar, em Guaianases. Um rapaz passou correndo fugindo da polícia. Kauê contou que um dos policiais voltou e começou a fazer perguntas para ele e para a irmã.

Exaltado, o PM agarrou Kauê pela gola da camisa, apontou a arma para o seu rosto e deu uma coronhada na sua cabeça. Neste instante, a arma disparou e atingiu Vitória.

O PM, por sua vez, afirmou que Kauê colocou a mão na cintura e deu um tapa em sua mão para tentar se esquivar. A arma, segundo o policial, disparou e acertou o ombro da adolescente.

A Vanessa Priscila dos Santos, mãe dos meninos, afirmou que Kauê repetia não ter relação com o roubo. "Só ouvi o tiro, e minha filha jorrando sangue", contou ela.

“Foi muito feio, foi a pior coisa da minha vida, jorrou sangue, e eles [PMs] não levaram, não a socorreram. Pedi pelo amor de Deus. Ajoelhei ao pé do policial pra ele socorrer minha filha. Eles não socorreram. Eles estavam preocupados em colocar meu filho dentro da viatura”, contou ainda a mãe, desesperada.

Victoria chegou a ser levada para o Hospital Geral de Guaianases, mas não resistiu ao ferimento.

O que diz a Secretaria da Segurança

A Secretaria de Segurança Pública lamentou a morte da jovem e disse que "investiga todas as circunstâncias da ocorrência, ainda em andamento. O policial militar foi preso em flagrante e conduzido ao 50º DP onde o caso foi registrado. A Polícia Civil busca imagens que possam esclarecer os fatos".

"A Polícia Militar não compactua com excessos ou desvios de conduta e pune exemplarmente aqueles que desobedecem aos protocolos estabelecidos pela Corporação. A arma do policial foi recolhida e as imagens das Câmeras Corporais estão sendo analisadas. Um Inquérito Policial Militar será aberto para investigar os fatos", encerra a nota.

Com informações do G1 e da Folha de S. Paulo

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