Estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) voltaram a ocupar o campus da instituição de ensino na noite desta terça-feira (20). Esta é a segunda vez que os discentes realizam tal protesto contra os cortes promovidos pela atual reitoria em uma série de benefícios sociais e bolsas estudantis.
A reitoria baixou o Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 38/2024), que restringiu o acesso a uma série de bolsas oferecidas aos estudantes e entrou em vigor no dia 1º de maio. Apelidado de "Aeda da fome", as mudanças promovidas pela gestão da UERJ atingem cerca de 5 mil universitários.
Neste momento, 2,6 mil estudantes estão enquadrados na categoria de vulnerabilidade social. Estes discentes ingressaram na UERJ pela ampla concorrência, ou seja, fora do sistema de cotas e, durante a matrícula, comprovaram renda e foram aprovados pelo sistema de avaliação socioeconômico.
Como era o sistema antes da mudança promovida pela reitoria:
- Auxílio-material: para pagar despesas com livros e impressões. Era pago 2 vezes ao ano, a cada semestre, no valor total de R$ 1,2 mil;
- Auxílio-alimentação e passagem: R$ 300 cada, por mês;
- Bolsa de apoio à vulnerabilidade social: R$ 706 por mês com duração de 2 anos para quem comprovasse renda bruta de até um salário mínimo e meio por pessoa da família, ou R$ 2.118;
- Auxílio-creche para quem solicitasse.
Como ficou:
- A bolsa de vulnerabilidade agora exige renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família, ou R$ 706;
- O auxílio-material foi reduzido à metade;
- O auxílio-alimentação ficou restrito a quem estuda em campus sem restaurante universitário. Quem frequenta o Maracanã agora só tem o bandejão;
- O auxílio-creche será pago a apenas 1,3 mil estudantes.
“Cenário triste e preocupante”
Em entrevista à Fórum, o ex-reitor da UERJ, Ricardo Lodi, que foi o responsável por ampliar os programas sociais da universidade, critica os cortes e afirma que vê com "muita preocupação" o atual cenário.
"Eu vejo com muita preocupação e tristeza. Porque esse esforço que a gente fez durante a pandemia foi muito importante para a permanência estudantil. E muita gente pergunta, mas tudo bem, a pandemia acabou, por que os auxílios continuam? Continuam porque as pessoas continuam precisando, continuam estudando. Não dá para interromper os sonhos pela metade, né?", destaca Lodi.
Em seguida, Lodi afirma que os programas criados durante sua gestão visam "dar o mínimo de condições para o estudante". "A gente não está falando aqui de nada absurdo. A gente está falando de dar um mínimo de condições para o estudante que ingressou no regime de cotas ou aquele que está na mesma condição social do regime de cotas ter uma oportunidade de prosseguir nos seus estudos, combatendo a evasão".
O ex-reitor da UERJ também afirma que os estudantes foram pegos de surpresa com os cortes. "De uma hora para outra, não tem dinheiro para pagar as contas. Alguns estavam morando de aluguel, entraram na universidade já com essa perspectiva. E de uma hora para outra tudo é cancelado", disse Ricardo Lodi.
Confira abaixo o momento da ocupação da UERJ: