A Polícia Civil de São Paulo revelou nesta quinta-feira (25) mais detalhes sobre o crime que vitimou o empresário Carlos Alberto Felice, encontrado morto e amarrado em casa em 13 de julho no Jardim Europa, bairro nobre da capital paulista. A vítima tinha 77 anos.
Alerta: a reportagem a seguir contém relatos de violência e pode impactar algumas pessoas. A Fórum reproduz por se tratar de interesse jornalístico.
Segundo as informações divulgadas pela polícia, é sabido que ele foi mantido refém na própria casa por aproximadamente 9 horas. Também se sabe que Felice foi torturado. No entanto, a investigação ainda não consegue detalhar por quanto tempo teria ocorrido a tortura.
De acordo com o delegado Fábio Pinheiro, um homem identificado como Jordan Magalhães Nogueira, de 20 anos, seria um dos executores. O delegado diz que tem certeza sobre isso, mas o suspeito está foragido.
Na última quarta-feira (24) foi preso Rafael Procópio da Conceição, ajudante de pedreiro que trabalhava numa obra próxima à casa do idoso. Logo que foi preso, exclamou: “não fiz nada”. Questionado no momento da prisão, disse que apenas trabalhava na região.
E, de fato, seu envolvimento não é confirmado. Rafael teria entrado no radar dos policiais por ter aparecido em imagens de câmeras de segurança da região fazendo um trajeto semelhante ao que Jordan fez quando invadiu a residência de Felice, mas ainda não foi confirmado se este é realmente o caso.
Segundo as imagens obtidas pela polícia, Jordan teria passado a noite de 11 de julho no telhado da vítima, rendendo-a logo que saiu de casa de manhã para caminhar.
“Nessas imagens que a gente captou do circuito de segurança não dá para verificar se ele faz o mesmo trajeto [para invadir a casa]. A gente vai depender das provas periciais, que têm bastante elemento que foi coletado dentro da casa”, relatou o delegado Rogério Barbosa aos meios de comunicação.
Além disso, foram apreendidos diversos objetos na casa da vítima que traçam a linha narrativa dos policiais. Entre eles, bilhetes foram encontrados. Segundo os policiais, serviriam para a comunicação com a vítima, com o objetivo de esconder as vozes dos autores, que também estariam de máscaras. Um dos bilhetes dizia para Felice não reagir.
Próximo à residência, os policiais também encontraram a placa original do carro de Felice e as roupas que o empresário teria usado no dia. A principal tese é de que o plano dos criminosos era roubar pelo menos R$ 3,5 milhões que o idoso teria em casa fruto da venda de um imóvel. No entanto, como ainda não havia recebido a quantia, ele teria em casa apenas R$ 50 mil, o que teria motivado as torturas.
Relembre o caso
Um crime misterioso mobiliza os investigadores da DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil de São Paulo. Um idoso de 77 anos foi encontrado morto, amarrado com fios metálicos nas pernas e punhos, na noite de terça-feira, 16 de julho, num imóvel de alto padrão do bairro luxuoso do Jardim Europa, na capital paulista.
O cadáver de Carlos Alberto Felice foi encontrado na garagem de sua residência, na Rua Prudente Correia, após um sobrinho dele ir até o local, chamar pelo tio e tocar a campainha, por volta das 20h, e ninguém atender. Ele resolveu aparecer na residência após um vizinho de Felice contar para a mãe do rapaz que o idoso não aparecia havia alguns dias na igreja do bairro. Sem resposta, o sobrinho acionou a PM, que compareceu ao endereço e ingressou no casarão, encontrando o corpo.
Enquanto os policiais davam sequência à ocorrência e vistoriavam a casa, um morador da região foi até o sobrinho de Felice e relatou ser amigo da vítima há mais de 30 anos, para na sequência contar que o idoso teria vendido a casa e mantido no interior dela mais de R$ 3,5 milhões em espécie, valor referente à transação. De acordo com esse amigo, algumas pessoas sabiam que “havia um bom dinheiro lá dentro”.
A família da vítima entrou em contato então com o advogado dele, que confirmou a venda do imóvel pelo valor mencionado, pago em dinheiro vivo e mantido no interior da residência de Felice. Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) não confirmou se o montante estava na casa, assim como o boletim de ocorrência, que não faz menção ao dinheiro.
Outro ponto notado pelos investigadores foi o de que o carro de Felice, um Hyundai HB20, não estava na garagem. Um vigilante que trabalha naquela rua contou aos PMs que a última vez que viu o senhor idoso sair com o veículo foi na quinta-feira (11) da semana anterior, mas não soube dizer se ele estava acompanhado na ocasião. O veículo foi encontrado na última terça (23), no Capão Redondo, bairro periférico da zona sul, sem chave e com vidros parcialmente abertos. A placa também foi trocada, o que dificultou sua localização.