A investigação da Polícia Civil no bairro do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, agora foca no possível envenenamento de aproximadamente 40 cães pelo uso de glifosato, um herbicida usado para controle de plantas daninhas como a tiririca e picão preto em plantações. Na última terça-feira (11), a Polícia Civil recebeu uma denúncia que indicava o possível uso do herbicida.
Segundo relatos, uma moradora testemunhou um zelador aplicando o produto nas calçadas em frente ao prédio onde trabalha, por ordem do síndico. A corporação esteve no local para coletar imagens das câmeras de segurança e apreender o borrifador utilizado, que foi encaminhado ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para análise e perícia. Os envolvidos foram ouvidos na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) durante o processo investigativo.
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Imagens das câmeras de segurança estão sendo analisadas pelas autoridades, que já ouviram dez testemunhas, incluindo tutores de animais, moradores, porteiros, síndicos e zeladores da área. Curiosamente, o bairro é o mesmo onde mora o ator Cauã Reymond, que no último final de semana, compartilhou a notícia da morte de um de seus cães, Romeu, que infelizmente não resistiu após ser envenenado.
A saúde de outra cachorra do ator também está debilitada após também ser envenenada. “Meu Romeuzinho se foi. Nunca pensei que seria tão triste e dolorido. Te amo, meu amigo Memeu. Descansa", escreveu Reymond em suas redes sociais. Ele acredita que os cães foram alvo de criminosos que planejavam invadir sua residência, após serem contaminados. Antes a suspeita era de que os cães do ator tivessem ingerido carne com chumbinho, um produto clandestino irregularmente utilizado como raticida. Leia mais nesta matéria da Fórum.
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O perigo do glifosato, agrotóxico usado no Brasil
Em abril, quatro organizações de países da América Latina e uma da Alemanha uniram forças nesta semana para denunciar a empresa de bioquímica Bayer à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) pelos impactos do agrotóxico glifosato na saúde humana e no meio ambiente. Mais de 70 anos após a invenção do agrotóxico mais perigoso do mundo, ele também se tornou o mais vendido pela indústria farmacêutica.
Organizações como o Centro de Estudios Legales y Sociales (Argentina), Terra de Direitos (Brasil), BASE-IS (Paraguai), Fundación TIERRA (Bolívia), Misereor e ECCHR, assinaram a denúncia exigindo que a Bayer AG implemente mudanças sustentáveis em suas práticas empresariais e agricultoras. Elas apontam que a empresa violou os direitos humanos à saúde, à alimentação, à água, ao meio ambiente, à habitação, à terra e ao território. No Brasil, por exemplo, o glifosato vem contaminando as aldeias indígenas Avá-Guarani, e há a suspeita de que as águas também estejam contaminadas com o agrotóxico, como mostra essa reportagem da Fórum.
De acordo com um estudo publicado pelo Atlas dos Agrotóxicos em dezembro de 2023, na contaminação das águas, repercutido pela Fórum, “o glifosato pode impactar tanto as águas superficiais quanto as subterrâneas por meio da lixiviação, um processo de 'lavagem' do solo no qual nutrientes e elementos químicos são transportados para os corpos hídricos. Além disso, a percolação, que é o movimento da água através do solo, contribui para o fluxo dessas substâncias em direção aos reservatórios subterrâneos”, destacou o estudo. Inclusive, a Bayer já foi condenada a pagar uma indenização de US$ 1,6 bilhão (ou R$ 7,8 bi) para quatro pacientes que sofreram com câncer em decorrência do uso de glifosato em suas fazendas em novembro de 2023.
"Diferentemente dos processos anteriores, os tribunais têm, nos casos recentes, permitido indevidamente que os demandantes apresentem de forma deturpada os fatos regulamentares e científicos", disse a empresa em nota. Além disso, ao longo dos quatro anos do governo Bolsonaro, o Ministério da Agricultura liberou mais de 2 mil agrotóxicos e pesticidas, prejudiciais à saúde humana.