No último domingo (1), um show do grupo MPB4 no Sesc Pinheiros, em São Paulo, foi palco de uma situação inusitada e tensa. Um casal de espectadores, identificado como apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, protestou contra as manifestações políticas que ocorreram durante a apresentação, resultando em vaias da plateia e sua saída tumultuada do evento.
Durante o espetáculo, o grupo interpretou canções icônicas de protesto, como "Cálice" e "Apesar de Você", compostas por Chico Buarque e Gilberto Gil. A apresentação de "Cálice", uma música censurada durante a ditadura militar, foi recebida com entusiasmo por parte da audiência, que gritou "Viva a democracia!". Após a execução de "Apesar de Você", o público homenageou a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), presente no local, e entoou o coro "Sem anistia, sem anistia!", em referência aos investigados pela tentativa de golpe no país.
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O clima de engajamento político foi interrompido quando uma mulher na plateia, incomodada com as manifestações, gritou "Lula ladrão" enquanto um dos cantores do grupo introduzia a música "Que tal um samba?". A intervenção gerou um burburinho e pedidos de silêncio por parte dos outros espectadores. Mesmo com os músicos continuando a apresentação, a mulher persistiu em suas críticas, até que ela e seu marido deixaram o local sob vaias, enquanto a maioria aplaudia em apoio às mensagens políticas do grupo.
Marcelo Cabanas, produtor do MPB4, comentou sobre o ocorrido, afirmando que reações como essa são raras, mas não inéditas. Ele destacou que o MPB4 tem uma longa trajetória de engajamento político, desde sua formação no Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE em 1964. "Quem vai para o show do MPB4 achando que será um espetáculo apolítico está indo bem desavisado", disse Cabanas. Ele ressaltou que o grupo sempre cantou em defesa da liberdade e da democracia, consolidando sua relevância histórica e cultural.