Márcio Izaías de Almeida cumpria pena na Penitenciária P1 de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, pelo crime de tráfico de drogas. Ele também enfrentava graves problemas de saúde e veio a falecer aos 35 anos. Sua mãe, Maria Cristina de Almeida, foi avisada do óbito por e-mail.
Ao UOL, Maria Cristina revelou como foi saber da morte do filho por e-mail: "Recebi um e-mail frio. Ninguém veio me avisar, ninguém ligou", lamenta a mulher.
O filho de Maria Cristina estava com a saúde debilitada devido a um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e também por complicações do diabetes, condição diagnosticada em Márcio Izaías de Almeida aos 5 anos de idade.
"Eu o visitava e via o sofrimento nos olhos dele. Ele me dizia: 'Mãe, estou no inferno'. Foi devastador para mim", relata Maria Cristina.
Em entrevista ao UOL, Maria Cristina revelou que a morte de seu marido em 2008 afetou profundamente o filho, levando-o ao uso de drogas. Márcio foi preso pela primeira vez aos 18 anos por envolvimento com drogas.
O filho de Maria Cristina seria preso novamente em 2021, desta vez por tráfico de drogas. No mesmo ano em que foi detido, ele sofreu um AVC que o deixou em uma cadeira de rodas, tornando-o ainda mais vulnerável.
A mãe de Márcio tentou obter na Justiça a prisão domiciliar para o filho, devido ao seu estado de saúde. No entanto, o pedido foi recusado com o argumento de que ele havia cometido um crime grave e não havia indícios suficientes de que sua saúde estivesse comprometida, nem de que o ambiente carcerário fosse inadequado em comparação ao externo.
Segundo Maria Cristina, poucos dias antes de morrer, Márcio teve dores intensas e febre. Ele foi levado ao hospital no dia 5 de agosto, mas Maria não foi informada sobre a unidade em que ele estava, impossibilitando sua visita.
Márcio morreu às 21h50 do dia 13 de agosto, e o sistema prisional de São Paulo notificou a mãe por e-mail. A mensagem dizia:
"Prezada, bom dia!
Informo que, na data de 13/08/2024, às 21h50, foi constatado pelo médico xxxx, o óbito do sentenciado Márcio Izaías de Almeida, matrícula 483.643-3, tendo como causa de morte choque séptico de foco pulmonar. Att."
Maria Cristina agora cuida das duas netas, filhas de Márcio, e pretende processar o Estado por negligência. "Eu só quero justiça. Meu filho não merecia isso."
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP-SP) reconheceu que o uso de e-mail para notificar o falecimento de um parente não é adequado. "A servidora responsável foi advertida e já recebeu orientações sobre o protocolo correto para contato com os familiares, que deve ser feito por telefone", informou a SAP.
Sobre o falecimento de Márcio, a SAP afirmou: "Durante a permanência no presídio, ele recebeu medicação e atendimento diário na enfermaria. Quando necessário, foi levado a uma unidade de saúde externa. O presídio dispõe de equipe básica de saúde, composta por médico, enfermeiro, dentista e auxiliar de enfermagem, em parceria com o município de Franco da Rocha."