O repórter Walace Lara, que trabalha para o SPTV da TV Globo, se emocionou nesta terça-feira (21) enquanto falava ao vivo sobre a tragédia que se abateu, junto com as maiores chuvas já registradas no Brasil, sobre seis municípios do litoral de São Paulo: Guarujá, Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, Ubatuba e São Sebastião. Ao todo já morreram 47 pessoas em Ubatuba e São Sebastião, vítimas de deslizamentos de terras que levaram quarteirões inteiros junto.
“Vou respirar aqui e falar. Estive ontem em uma comunidade, chamada Topolândia, em São Sebastião, onde tem pelo menos 100 pessoas voluntárias trabalhando para tirar lama de dentro das casas. É uma situação muito difícil para a gente ver e acompanhar, as cidades não têm estrutura, então é tudo muito difícil, muito complicado. Desculpe, mas é difícil ouvir um depoimento, como ouvimos agora, e não se emocionar”, disse o repórter já com a voz embargada e os olhos marejados.
Walace descrevia o que viu em Topolândia, bairro que fica numa encosta não muito longe do centro de São Sebastião. A lama que varreu a comunidade e alcançou o mar logo adiante cobriu casas inteiras e possivelmente pessoas desaparecidas. Quem sobreviveu, por uma ou outra razão, se esforça para fazer a limpeza e as buscas. E, no meio desse cenário, um detalhe que revela a mesquinhez de algumas pessoas tirou o repórter do sério.
“Cobrar R$ 93 em um litro de água, na situação que nós estamos aqui, é inacreditável”, desabafou Walace Lara. A região já tem mais de 2500 pessoas desabrigadas ou desalojadas, além de 47 mortos e um número ainda indefinido de desaparecidos.