FINANCIADORES

Golpes e calotes: o histórico de idosa acusada de financiar ataques a Brasília

Aos 65 anos, moradora de Votuporanga, no interior de São Paulo, encara cobranças judiciais que ultrapassam os R$ 7 milhões

Palácio do Supremo Tribunal Federal foi destruído em atos golpistas.Golpes e calotes: o histórico de idosa acusada de financiar ataques a Brasília Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
Escrito en BRASIL el

Rosângela de Macedo Souza, 65 anos e uma das 52 pessoas que tiveram bens bloqueados pela acusação de financiar os ataques bolsonaristas de 8 de janeiro a Brasília, responde a pelo menos três processos de cobrança de dívidas no interior de São Paulo, que ultrapassam os R$ 7 milhões. Residente em Votuporanga, Rosângela ainda teria relações com as cidades de Pontes Gestal, de onde vem sua família, e Riolândia, mais ao norte, onde teria sido funcionária de penitenciária local segundo fontes da Revista Fórum na região. 

Ela é acusada pela AGU (Advocacia Geral da União), em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), de ser a responsável pelo pagamento do contrato de R$ 9 mil que garantiu a saída de bolsonaristas de Votuporanga, em 6 de janeiro, com destino à arruaça realizada dois dias depois.

Entre os três processos localizados pela coluna de Rogério Gentile, no Uol,  um credor relata que vendeu, em março de 2020, um terreno de 276 metros quadrados para a bolsonarista por R$ 150 mil, em condomínio de São José do Rio Preto (SP), principal cidade da região. Ela teria pago R$ 5 mil de entrada e, mais tarde, assinou um cheque de R$ 145 mil para fechar a compra. No entanto, quando foi depositar o cheque, o credor constatou que Rosângela havia sustado o pagamento logo que recebeu o termo de quitação do terreno.

Em sua defesa, Rosangela afirmou que o vendedor lhe deu o termo de quitação do contrato e que, portanto, teria a comprovação do pagamento “em que pese o referido cheque haver sido devolvido”. Ela afirmou que o credor não havia feito qualquer ressalva sobre o cheque no recibo emitido e que, após a transação, estaria locupletando-se da situação ao denunciá-la.

É claro que a Justiça não aceitou a argumentação, considerada absurda e “cômica” pelo vendedor do terreno, dando-lhe ganho de causa e determinando a penhora do imóvel adquirido pela bolsonarista. Rosângela recorreu mas ainda não houve uma decisão em segunda instância.

Em outro processo, Rosângela é cobrada por dívidas da Vigor Agro Ltda, empresa de comércio de insumos agrícolas da qual é sócia. A empresa Lonping High-Tech cobra R$ 2,2 milhões em compra de sementes de milho realizada em 2019 pela Vigor Agro Ltda e nunca paga. Rosângela seria a fiadora do contrato. Nem ela, nem a Vigor Agro apresentaram defesa e a Justiça já expediu ordem para o pagamento.

Um terceiro processo é movido pela Albaugh Agro Brasil. Nele, a Vigor Agro Ltda é cobrada por transações não pagas à credora que chegam a R$ 5 milhões. Também neste episódio a empresária não apresentou defesa. O processo tampouco foi concluído, mas segundo as informações disponíveis, as decisões emitidas até o momento vão contrárias aos interesses de Rosângela e seus sócios.

Nesta segunda-feira (23) o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a abertura de mais seis inquéritos que pretendem apurar possíveis mentores intelectuais, executores e financiadores dos ataques de 8 de janeiro.