Morreu Márcio Antônio do Nascimento Silva, aos 58 anos, no Rio de Janeiro. Pai de um jovem vítima da Covid aos 25 anos, Márcio ganhou notoriedade quando, indignado com um bolsonarista que arrancava da praia de Copacabana cruzes postas em homenagem às vítimas, peitou o homem e as recolocou. À época o vídeo de sua ação ganhou alta repercussão nas redes sociais.
Márcio trabalhava como coordenador censitário para o IBGE e estava internado nos últimos dias com problemas cardíacos. O enterro ocorre na tarde desta terça-feira (4) no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.
Seu filho Hugo morreu em abril de 2020 vítima da Covid. Apesar de ser um jovem saudável, que estava em teoria fora do grupo de risco, não resistiu aos 16 dias de internação. Em julho a ONG Rio de Paz realizou um protesto instalando 100 cruzes diante de covas cavadas nas areias da praia de Copacabana. Na ocasião o Brasil tinha 40 mil mortos oficiais pela pandemia. Dois anos depois são mais 680 mil.
Convidado para o ato por ser pai de uma vítima, Márcio teve o desgosto de ver aparecer um bolsonarista de meia idade que decidiu ofender os presentes e derrubar as cruzes. O homem alegava que a pandemia era uma invenção da esquerda e que o vírus não existia. Revoltado, Márcio recolocou as cruzes e mandou o homem ir embora. “Você vai derrubar e eu vou botar de novo”, disse.
Márcio chegou a dar depoimento durante a CPI da Covid-19 no Senado e participou de manifestações em memória às vítimas da pandemia.
“Eu acho que nós merecíamos um pedido de desculpa da maior autoridade do país. Porque não é questão política – se é de um partido, se é de outro. Nós estamos falando de vidas de pessoas. Cada depoimento aqui, eu acho que, em cada depoimento, um sentiu o depoimento do outro e acrescentou o que o outro tinha para falar, entendeu? Então, a nossa dor não é mimimi, nós não somos palhaços. É real”, declarou na CPI em sessão na qual outros pais e parentes de vítimas da pandemia também falaram.