POLÍCIA POLÍTICA?

MPF suspeita de censura a opositores de Bolsonaro em Rondônia pela PRF

Agentes teriam usado tom intimidatório e força desproporcional em abordagem a manifestantes contrários ao presidente; PRF diz que cumpriu ordens do GSI

Imagem ilustrativa: agente da Polícia Rodoviária Federal do Paraná mede velocidade de automóveis em estrada.Créditos: Divulgação / PRF Paraná
Escrito en BRASIL el

O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar possível censura a manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL) por parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em fevereiro deste ano.

Na ocasião, Bolsonaro foi a Porto Velho (RO) para se encontrar com o presidente peruano Pedro Castillo. Naquele dia manifestantes contrários ao presidente estiveram próximos do encontro pedindo seu impeachment e acabaram sendo reprimidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que ganhou fama na opinião pública por apoiar em massa o candidato do PL. A oposição vem denunciando o aparelhamento desta e de outras instituições há pelo menos dois anos.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os registros da ação policial indicam possível abuso de autoridade. Há um trecho em que policiais ameaçam levar manifestantes por desacato, em conduta considerada desproporcional pelo MPF, que considera como “ordeira” a atitude dos manifestantes. Foi recomendado então a instauração de processo administrativo a fim de apurar eventuais “tons intimidatórios” contra os manifestantes.

No final desse processo administrativo, os responsáveis podem ser encaminhados para a Justiça. A PRF afirmou para a Folha de S. Paulo que a atuação dos agentes não teria a ver com os manifestantes, mas com determinação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Por sua vez, o GSI se limitou a comunicar suas prerrogativas e afirmou que cumpria sua função de defesa do presidente.

A PRF ganhou notoriedade nos últimos meses não apenas pela sua atuação em Porto Velho, mas também pelo assassinato de Genivaldo Santos dentro de uma viatura em Sergipe e a presença de agentes seus no massacre da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, que deixou 23 mortos.