A disputa pela prefeitura de Fortaleza (CE) é, no momento, a mais acirrada entre as capitais de estado no país. As pesquisas indicam que quatro candidatos podem ir para o segundo turno e algumas das sondagens apontam para um empate técnico quádruplo.
É o caso da Quaest, que divulgou levantamento em 11 de setembro. O ex-deputado federal Capitão Wagner (União) tinha 24% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal André Fernandes (PL) e pelo parlamentar estadual Evandro Leitão (PT) , cada um com 21%, e pelo atual prefeito José Sarto (PDT), com 18%. O cenário indica um empate entre os quatro dentro da margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Te podría interesar
O que o instituto mostrou, outras sondagens divulgadas também apontaram: uma tendência de crescimento de Fernandes e Leitão (que subiram sete pontos cada um na Quaest) e queda de Wagner, com oscilação negativa de Sarto.
Na penúltima semana antes das eleições marcadas para 6 de outubro, o confronto entre Capitão Wagner e André Fernandes se acirra em busca do voto do espectro que vai da centro-direita à extrema direita. Há ainda um terceiro candidato do campo, o senador Eduardo Girão (Novo), que se notabilizou por defender o governo Bolsonaro na CPI da Covid, mas que patina com percentuais abaixo de 5% no geral.
Te podría interesar
Guerra conservadora
Os três postulantes da direita já foram aliados em torno das candidaturas de Wagner a prefeito, em 2020, e a governador do Ceará, em 2022. Nas duas disputas, um roteiro repetido: liderança nas pesquisas até a proximidade das eleições, quando perde a dianteira. Foi assim na corrida pela prefeitura, quando passou para o segundo turno atrás de Sarto, e também quando se candidatou ao governo estadual, derrotado no primeiro turno por Elmano de Freitas. Em 2016, também foi derrotado pleo ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT).
Sem entendimentos para uma candidatura única, agora trocam ataques mútuos. Segundo o jornal O Povo, até a manhã de 19 de setembro, 50 das 57 inserções veiculadas por Wagner tiveram Fernandes como alvo principal. O veículo ainda relata que no sábado (21), o candidato do PL promoveu uma passeata com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e ambos criticaram o adversário do União e Sarto, chamando o ex-aliado de “Tapioca”, termo utilizado para dizer que o rival está ora de um lado, ora de outro.
Também no sábado, Wagner criticou o adversário por esconder Bolsonaro na sua campanha. “Agora eu pergunto aos que me questionavam ‘por que não bota o Bolsonaro?’; pergunto, por que o André esconde o Bolsonaro? Por que não coloca o Bolsonaro na propaganda de TV dele?", questionou. Apesar de ser um ferrenho bolsonarista na Câmara dos Deputados, o tom de campanha de Fernandes, de fato, deixa o ex-presidente em segundo plano até agora.
Já Eduardo Girão propicia momentos bizarros como na sua participação no debate realizado em 16 de setembro. Com sua participação garantida por uma liminar, já que o Novo não tem cinco deputados federais, condição que assegura que um candidato possa integrar os debates televisivos, a decisão judicial foi cassada no meio do programa e ele foi retirado. Restou ao senador lamentar e bradar contra o "sistema".
PT, PDT e os Ferreira Gomes
A eleição para Fortaleza também consolida a divisão entre os irmãos Cid, hoje no PSB, e Ciro Gomes, no PDT. O primeiro apoia Evandro Leitão, enquanto o segundo apoia a reeleição de Sarto, que contou com o apoio petista no segundo turno, em 2020, contra Wagner.
Com um arco de alianças menor que o de seus três principais adversários, o atual prefeito viu sua base ruir após o rompimento entre o PDT e o PT, que levou partidos importantes, como o PSD, para a candidatura de Leitão. Com o desempenho fraco nas pesquisas para um candidato a um segundo mandato, a campanha de Sarto já teme que candidatos a vereador migrem para o lado petista ou mesmo para a candidatura de Wagner. Os candidatos à Câmara Municipal se queixam de não terem recebido recursos.
Ex-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão saiu do PDT para se filiar ao PT em dezembro de 2023, junto com oito prefeitos cearenses, cinco deles que também saíram da legenda de Ciro Gomes. Ele conta com o apoio do governador Elmano de Freitas, mas, em especial, com o suporte do ministro da Educação Camilo Santana, ex-governador do estado e considerado o principal cabo eleitoral da disputa.
Nesta semana, o ministro entra em férias e vai participar ativamente da campanha petista na capital cearense. "Vou entrar fortemente na campanha aqui em Fortaleza. Aliás, vou até tirar férias para entrar na campanha aqui em Fortaleza, porque eu quero o bem à Fortaleza e Fortaleza precisa mudar os seus rumos", disse Camilo, no final de agosto, quando anunciou como iria ajudar seu aliado.