Na manhã desta quinta-feira, 1º de agosto, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) prendeu um empresário, que se diz pastor, acusado de ser o proprietário de clínicas de reabilitação clandestinas em Aparecida de Goiânia e Anápolis. O suspeito é investigado por financiar uma organização criminosa que teria sequestrado e mantido em cárcere privado dependentes químicos e pessoas com deficiência.
De acordo com as investigações, o suspeito seria o dono de várias empresas de fachada espalhadas pelo estado, utilizadas para encobrir suas atividades ilícitas. Em 2023, dois dependentes químicos que trabalhavam como funcionários dessas clínicas foram presos em flagrante. Eles eram responsáveis por sedar e medicar mais de 90 internos com medicamentos controlados, sem prescrição médica, incluindo produtos de uso hospitalar exclusivo.
Te podría interesar
O delegado responsável pelo caso, Sérgio Henrique, declarou que "os investigados obtiveram vantagem econômica e patrimonial ilícita, utilizando o dinheiro proveniente do tráfico de entorpecentes. O empresário alugava chácaras e montava as clínicas em nome de laranjas, e depois colocava dependentes químicos para administrá-las".
Vítimas eram internadas compulsoriamente
As vítimas, com idades entre 18 e 90 anos, eram sequestradas em diversas regiões do Brasil, principalmente em estados vizinhos como Mato Grosso. As famílias pagavam cerca de R$ 2 mil mensais para internações compulsórias, que ocorriam sem o consentimento dos pacientes.
Nas clínicas, os internos eram mantidos em condições precárias de higiene e sofriam maus-tratos por parte dos administradores. As investigações apontaram ainda que esses estabelecimentos não contavam com profissionais técnicos, como médicos, psicólogos e enfermeiros.
Após o resgate, o delegado relatou que foi necessário um esforço significativo para reintegrar os internos às suas famílias. "Os internos não estavam lá porque queriam, a família os jogava lá dentro. Demoramos bastante para conseguir encaminhar todos para casa", afirmou Sérgio Henrique.
Os envolvidos responderão por crimes como estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de capitais, além de integrar uma organização criminosa. O empresário foi levado à Casa do Albergado, onde aguardará sua audiência de custódia.