A nona fase da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (30), lançou luz sobre mais um suposto esquema de corrupção e tráfico de informações envolvendo figuras do alto escalão político de Tocantins, com laços diretos ao bolsonarismo e à elite conservadora local.
Entre os principais investigados estão o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos-TO), e o advogado Thiago Barbosa, sobrinho do atual governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO). Ambos teriam participado de um esquema de vazamento e comercialização de dados sigilosos de investigações conduzidas pela própria PF.
A operação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu três mandados de busca e apreensão, incluindo o recolhimento de passaportes — medida preventiva que atingiu tanto Eduardo quanto Thiago.
Segundo informações da investigação, o prefeito Eduardo Campos teria tido acesso privilegiado a documentos sigilosos, antecipando-se a decisões judiciais e operando politicamente com base em informações ainda não públicas — uma grave violação de protocolos democráticos.
Thiago Barbosa, por sua vez, já havia sido preso na fase anterior da mesma operação. Ex-assessor do Ministério Público do Tocantins (MPTO), ele teria se beneficiado de privilégios ilegais enquanto esteve detido, algo negado pela defesa, que alegou a existência de câmeras na unidade prisional. Relatos ainda indicam que o advogado supostamente teria transferido seus pertences para dentro da prefeitura para ocultar seu envolvimento.
O terceiro investigado é um advogado de Brasília, suspeito de atuar diretamente no vazamento das informações sigilosas.
Extremismo e golpismo na mira
A Operação Sisamnes também conecta os investigados a um dos braços mais radicais da extrema-direita brasileira. Na fase anterior, realizada na quarta-feira (28), cinco suspeitos foram presos por integrar o autointitulado Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos (Comando C4) — uma milícia ideológica envolvida em ações de espionagem, intimidação política e até mesmo crimes de homicídio por encomenda.
O grupo estaria diretamente ligado à tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e aos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
A escalada autoritária e a blindagem institucional
As investigações da Polícia Federal revelam um padrão de blindagem institucional e uso político de cargos públicos por parte de aliados de grupos conservadores. O caso expõe mais um capítulo da tentativa de captura do Estado por setores antidemocráticos, comprometidos com a sabotagem de instituições e com o enfraquecimento do regime democrático.
A escalada autoritária, agora desvendada em Tocantins, reforça a urgência de um enfrentamento sistemático ao neofascismo no Brasil, com responsabilização plena de agentes públicos envolvidos em práticas ilegais e antirrepublicanas.