VIDAS DESTRUÍDAS

Ela esfaqueou a filha de 2 anos por dívidas e vício no jogo do tigrinho

História dramática ocorrida no Entorno do DF mostra face mais devastadora de um esquema fomentado por ricaços da internet que vem desgraçando o Brasil

Créditos: Palácio do Planalto/Divulgação
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Uma tragédia silenciosa e chocante se desenrolou em Santo Antônio do Descoberto, município goiano próximo ao Distrito Federal, na última sexta-feira (23). Uma jovem mãe de apenas 23 anos tentou assassinar a própria filha, de dois anos, em meio a um momento de desespero absoluto. A motivação para o crime brutal foi uma dívida crescente, contraída em um jogo online conhecido como “jogo do tigrinho”, modalidade de apostas que tem devastado vidas em todo o Brasil.

Com a faca em mãos, a mulher desferiu quinze golpes no pescoço e tórax da criança, que felizmente sobreviveu ao ataque após ser rapidamente socorrida e levada a um hospital no DF. Na sequência do ato bárbaro e descontrolado, a jovem tentou tirar a própria vida e foi encontrada ferida na residência por familiares. A Polícia Civil de Goiás prendeu a acusada em flagrante e a Justiça decretou sua prisão preventiva.

Em depoimento, a mãe revelou que o acúmulo das dívidas geradas pelo vício em apostas online a levou a um estado de desespero tão profundo que preferiu tentar acabar com a própria vida e a da filha a ver a menina crescer sob os cuidados de familiares, segundo afirmou. A investigação revelou ainda que ela sofria ameaças constantes de agiotas, a quem devia valores consideráveis, vinculados ao uso compulsivo de aplicativos de apostas ilegais.

Jogos de apostas pelo celular devastam o Brasil

O caso emblemático que chocou o Entorno do DF expõe uma crise crescente no país: o aumento desenfreado do vício em jogos de apostas por meio de smartphones, especialmente em aplicativos conhecidos como “jogo do tigrinho”. Apesar da existência das apostas legalizadas, popularmente chamadas de “bets”, que já causam enorme impacto social e econômico, essas versões ilegais se mostram ainda mais perigosas por sua facilidade de acesso, mecanismos manipulativos e ausência de qualquer mínimo resquício de regulamentação.

A dependência desenvolvida nesses jogos leva muitos brasileiros a um ciclo destrutivo: comprometem todo o orçamento familiar, contraem empréstimos bancários e recorrem a agiotas para manter o vício, gerando uma bola de neve financeira e psicológica. Em casos extremos, o desespero culmina em crimes, desestruturação familiar, violência e até mortes.

O crescimento exponencial desses aplicativos é alimentado por uma forte rede de lobby político e de marketing, que inclui influenciadores digitais com grandes audiências, amplificando a disseminação do vício. Enquanto isso, o Congresso Nacional ainda não apresentou uma resposta eficaz para conter destruidora escalada, mesmo diante das evidências de seu impacto devastador na saúde pública e segurança social. Parlamentares de direita e extrema direita, em sua maioria, apoiam essas “empresas” e discursam fortemente em defesa das bets. Na CPI das Bets, no Senado Federal, a imagem de senadores bajulando figuras que se tornaram milionárias, sendo algumas até bilionárias, por explorarem a ruína da população enojou o país.

A tragédia vivida por essa jovem mãe e sua filha é tão somente um recorte pontual e cruel de um problema que ganha cada vez mais espaço na rotina dos brasileiros e que exige atenção urgente das autoridades e da sociedade.

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