DESAVENÇA

Padre Fábio de Melo: Polêmica com ex-gerente de cafeteria ganha novo ingrediente

Ainda repercute o caso da demissão de funcionário do estabelecimento após reclamações do religioso

Padre Fábio de Mello.Créditos: Reprodução de Vídeo/TV Globo
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O caso envolvendo o padre Fábio de Melo, que acabou provocando a demissão de Jair José Aguiar da Rosa, então gerente de uma unidade do Café Havanna, em Joinville, Santa Catarina, ganhou mais um ingrediente e reacendeu o debate.

O Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Joinville e Região (Sitratuh) divulgou uma nota de repúdio pela forma como o ex-funcionário foi demitido.

A entidade destacou que, desde o início da confusão, se colocou contra as queixas públicas do padre. Além disso, ratificou seu apoio ao trabalhador.

Leia a íntegra da nota do sindicato

“A empresa não apurou os fatos de forma adequada e visando minimizar os impactos negativos em sua reputação optou por culpabilizar injustamente e isoladamente o empregado através da imediata dispensa, em clara reação à viralização do vídeo, conforme noticiado por diversos veículos de comunicação.

Mais grave ainda, a própria demissão tornou-se objeto de divulgação pública, com declarações — supostamente atribuídas à empresa — confirmando que a medida foi motivada pela exposição viral do vídeo.

O empregado foi alvo de um típico ‘exposed’ nas redes sociais, sendo injustamente transformado em alvo de cancelamento virtual, com sua imagem (vídeo de câmeras internas) circulando nacionalmente sem qualquer apuração prévia dos fatos.

Ademais, informações posteriores noticiadas pela imprensa dão conta de que parte do relato divulgado pelo influenciador não condiz com a realidade dos fatos, agravando ainda mais a injustiça cometida contra o empregado, que teve sua imagem profissional manchada sem qualquer chance de defesa.

Tal conduta empresarial configura, em tese, dispensa discriminatória e abusiva, com base na Lei 9.029/1995, ofendendo frontalmente os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88), da valorização do trabalho (art. 170, CF/88) e da proibição de exposição vexatória do trabalhador (art. 5º, V e X, CF/88).

Diante disso, rechaçamos veementemente qualquer prática de desligamento motivada por pressões externas ou estratégias de marketing que recaiam injustamente sobre o trabalhador, atribuindo-lhe de forma indevida e extremamente gravosa a responsabilidade por situações e atos alheios à sua conduta. A dignidade do trabalho e do trabalhador deve sempre prevalecer sobre interesses circunstanciais ou reputacionais.

Por fim, o Sindicato informa que desde o acontecido já estava com o trabalhador e está acompanhando as providências necessárias e colaborará para reparar os danos do trabalhador. Permaneceremos atentos e atuantes na defesa intransigente dos direitos da categoria".

Relembre o caso

Primeiramente, em vídeos nos Stories de seu Instagram, onde tem mais de 26 milhões de seguidores, Fábio de Melo disse que foi tratado de forma deseducada pelo gerente do estabelecimento, quando foi questionar o preço cobrado por um produto que seria consumido.

O padre contou que escolheu dois potes de doce de leite sem açúcar. Porém, ao se dirigir ao caixa para pagar, verificou que o valor cobrado era “muito maior” do que o indicado na prateleira.

“Muito educadamente, eu disse à moça do caixa: ‘Olha, a soma está errada, porque o doce de leite custa isso. Dois potes, então o valor seria este’. Aí ela ficou ‘meio assim’, foi lá, viu. Ela falou: ‘Não, lá está errado’. E nisso, o gerente já se adiantou, sendo extremamente deselegante ao dizer: ‘O preço está errado e é isso. Se quiser levar, o preço certo é este’”, publicou.

A reclamação gerou a demissão de Jair José Aguiar da Rosa, que rebateu as acusações dizendo que "estão me massacrando, ele [o padre] destruiu a minha vida".

"Se o padre me chama e fala: ‘Seu gerente, olha, está acontecendo isso’, se a gente dialogasse, a conversa era diferente. Eu jamais fui desrespeitoso. Nem sequer falei com o padre. No entanto, minha imagem foi destruída”, afirmou sobre o caso, que ocorreu no Dia das Mães.

Aguiar afirmou que quem foi ao caixa e questionou o preço foi um homem da equipe do padre.

“Foi quando a menina do caixa me chamou para perguntar: ‘Qual o preço do doce de leite?’. Eu falo que o doce de leite zero custa R$ 69 e o normal custa R$ 43,90. Mas ela afirma que o rapaz [da equipe do padre] teria visto por R$ 43,90. Eu vou até a prateleira e pego a placa que está lá. Vou na parte da cozinha e pergunto para o pessoal da minha equipe se alguém teria mudado ela de lugar. Mas percebo que a placa está lá, em uma posição errada, mas com o verdadeiro valor. Eu volto, passo pelo padre. Ele está me seguindo, mas não fala comigo em nenhum momento. Falo com a menina e sigo de volta para o meu trabalho”, contou o homem.

O vídeo vazado da câmera de segurança gerou novo capítulo da polêmica. Mostra que Aguiar estava certo ao dizer que foi um homem da equipe do padre quem reclamou do preço.

As imagens mostram um homem forte, com camiseta regata vermelha, que acompanhava Fabio de Melo, reclamando no caixa. Em seguida, o vídeo mostra a funcionária procurando o gerente que, aparentemente, não faz nenhum gesto deselegante e não se dirige ao padre.

A imagem mostra, ainda, o religioso e o homem que estava com ele acompanhando o gerente da loja, que busca algo em outro setor do estabelecimento.

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