SUBIU DE POSTO

Oficial que matou sargento dentro de batalhão faz curso para se tornar major

Caso cercado de controversas, e que não foi encerrado pela Justiça, não foi motivo suficiente para impedir que o capitão Laroca desse sequência na carreira e conseguisse promoção

O capitão Francisco Carlos Laroca Júnior, que será major.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Mesmo sob investigação por homicídio, o capitão da Polícia Militar Francisco Carlos Laroca Junior está prestes a ser promovido a major. A mudança de patente ocorrerá após a conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), previsto para durar seis meses. O programa, voltado à formação de capitães para funções de estado-maior, é um passo formal no avanço da carreira militar e assegura promoção automática ao final.

Laroca é acusado de ter matado, em abril de 2024, o sargento Rullian Ricardo da Silva dentro das dependências do 46º Batalhão Metropolitano, na zona sul da capital paulista. Segundo registros da ocorrência, houve um desentendimento envolvendo o sargento e uma policial responsável pela organização das escalas de serviço. Chamado para intervir, Laroca alegou que foi ameaçado com uma arma e reagiu.

Vítima vinha denunciando perseguições e escalas abusivas

Mensagens de áudio enviadas pelo próprio sargento a colegas revelam que ele vinha sendo alvo de sucessivas escalas extraordinárias e mudanças abruptas na rotina de trabalho. Em uma ocasião marcante, teve uma folga cancelada na Páscoa, impedindo-o de visitar a mãe doente na cidade de Franca. O caso gerou comoção entre colegas da corporação, que viam a situação como assédio moral institucionalizado.

Após o episódio, o capitão foi removido de sua função operacional e transferido para o Comando de Policiamento da Capital (CPC), onde passou a exercer atividades administrativas. De lá, ingressou no CAO/25 por meio de seleção interna destinada ao Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM), mesmo com a investigação ainda em curso e sem desfecho judicial.

Oficial alega legítima defesa e armas foram apreendidas

De acordo com a versão de Laroca, o sargento teria apontado um revólver calibre 32 em sua direção. Em resposta, o capitão efetuou três disparos, acompanhado por seu motorista, que também atirou. O sargento foi atingido no pescoço e no tórax. Um helicóptero chegou a ser acionado para socorro, mas Rullian morreu no local. As armas dos envolvidos foram apreendidas para perícia.

Contradição entre conduta e promoção choca observadores

A possibilidade de que um policial acusado de matar um colega de farda possa ser promovido sem que a apuração dos fatos tenha sido concluída levanta questionamentos profundos sobre os critérios de progressão na Polícia Militar de São Paulo. Para muitos, o simples fato de o oficial estar participando de um curso que garante ascensão automática, enquanto responde por um crime tão grave, expõe uma desconexão entre responsabilidade institucional e recompensa hierárquica.

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